Com um humor que fica se inspira em situações de natureza absurda e até mesmo escatológica, “Se Beber não Pesque” (The Last Fishing Trip) se ancora em uma premissa simples, porém cumpre o papel de uma ótima comédia, divertindo e arrancando boas gargalhadas daquela mais mente aberta para esse humor peculiar escandinavo.
A trama acompanha o encontro anual de pesca organizado por seis amigos de meia idade – inicialmente, o roteiro divide os personagens em duplas, e podemos conhecer e nos aprofundar com mais tranquilidade da personalidade e a situação social de cada um dos amigos.
Porém, a partir do momento em que o evento de fato ocorre, o álcool passa a ser um elemento presente entre a interação dos personagens, rendendo cenas hilariantes intercaladas com situações que despertam sutilmente aquele incômodo sentimento de vergonha alheia, ao qual, vez ou outra, somos acometidos frente a uma situação degradante.
A narrativa se passa em cenários simples, mas o roteiro é brilhante em explorar a personalidade de cada personagem e suas respectivas interações assim como construir momentos engraçadíssimos por meio desses elementos.
Grande parte do mérito do sucesso do filme em expressar seu humor está na excelente atuação dos seis amigos em questão: os atores conseguem fazer rir com situações absurdas, fazendo-nos criar empatia com os mesmos. Ao mesmo tempo em que sentimos receio pelos eventos terem potencial de arruinar suas vidas, ainda sim é impossível se divertir com a “desgraça alheia” apresentada em tela.
No Brasil, o longa teve a tradução de seu título claramente inspirada pelo filme de comédia hollywoodiano, “Se beber não case”, por se basear em situações que giram em torno da embriaguez dos personagens. Entretanto, é seguro dizer que apesar de não ter o mesmo elenco estelar, “Se beber não Pesque” consegue ter certo charme, passando em um cenário modesto e, ainda sim extrair, situações extremamente engraçadas desse contexto.
Não dá para dizer que a produção – que estreia na plataforma de streaming Cinema Virtual – é um grande exemplo da nona arte (nem é esta sua intenção), o que não a impede de ser um excelente entretenimento para passar o tempo e rir da própria miséria humana frente à bebedeira tão presente em muitas de nossas celebrações.
por Marcel Melinsky – especial para A Toupeira
*Título assistido via streaming, a convite da Elite Filmes.