Existe uma coisa que pode levar qualquer obra (seja cinematográfica, literária etc) ao céu ou ao inferno: a comparação. Parece que o simples fato de se assistir a um filme, sem sair comparando com tudo e todos anteriores, é um ato cada vez mais difícil, pelo menos para uma boa parcela do público.
Apesar de ser aparentemente uma fórmula garantida, a opção de Hollywood de adaptar as mais diversas sagas não tem nenhuma fórmula infalível para o sucesso. Eu mesma já tive oportunidade de ler livros incríveis, cuja migração para as telonas não atingiu o resultado esperado.
Em várias Cabines de Imprensa recentes, tenho percebido o surgimento de algo incomum, que faz com que as pessoas não consigam assumir o papel de espectadores, porque não se desvencilham de seu lado leitor. O que isso provoca? Uma insatisfação generalizada a cada cena que tenha a mais leve discrepância que seja em relação à obra original.
É claro que há mudanças que não têm nenhuma explicação lógica, como mudar a cor dos cabelos da protagonista ou transformar um personagem descrito como “forte e grisalho” em alguém com porte mediano e trancinhas. Mas há de se ressaltar o fato de que, muito do que funciona no papel, não seria eficiente em movimento (e isso vale para quase tudo, desde roupas a acontecimentos propriamente ditos).
E justo eu, leitora tão voraz e frequente, de repente me peguei questionando se quem não lê os livros previamente se diverte mais do que aqueles que já entram na sala de cinema com uma imagem na mente e acabam frustrados quando ela não se concretiza na tela.
Terei sido contaminada pelo vírus da “Irritabilidade Literária”?
por Lara McCoy
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