Anna (Marta Kozlova) é uma menina de seis anos, que acorda em meio a um amontoado de pessoas mortas devido a execução em massa de judeus. Encontrada por um casal, a garota é levada até um escritório de um comandante nazista, lá ela se esconde durante dias em uma chaminé em desuso, onde tenta sobreviver em meio a condições precárias.
“A Guerra de Anna” (Anna´s War), dirigido por Aleksey Fedorchenko, se passa em 1941, na União Soviética, e embora seja um filme configurado pelos aspectos de uma guerra, sua principal característica, está voltada a ressaltar a visão individual de uma garotinha, e sua obrigatoriedade em manter-se invisível em nome de sua sobrevivência.
E é exatamente esse o ponto determinante de toda a história. O longa possui uma narrativa angustiante, o único diálogo que escutamos só ocorre com a presença de soldados, crianças, e mulheres que ocupam o escritório durante o dia, enquanto Anna observa a vida passando através de pequenas rachaduras contidas no espelho da chaminé.
O anoitecer é o único momento em que a menina pode sair de seu esconderijo. Ela aproveita as poucas horas em que está sozinha para procurar por comida, água, e tecidos que a ajudem a manter-se aquecida durante o inverno.
Anna é esperta, e apesar de muito nova, não encontra dificuldade em cuidar de si mesma. Porém, apesar das circunstâncias, ainda estamos falando de um ser humano cujas maiores necessidades deveriam ser o afeto familiar e uma vida digna.
Entre momentos que oscilam entre a solidão e uma pequena esperança de sobrevivência, o longa nos faz mergulhar em um enredo que apesar de ser transmitido pelos olhos de uma criança, não o faz ingênuo, e tampouco ameniza a situação vivida naquela época.
A dor e o desespero da personagem estão presentes em todas as cenas, o que não nos permite esquecer jamais de toda maldade que o ser humano é capaz de ocasionar. Somos seres propensos a adaptações, desde que elas se baseiem em nossa sobrevivência, e ainda assim, não é suficiente para mantermos nossa humanidade.
“A Guerra de Anna” é um dos títulos da A2 Filmes que já podem ser conferidos na plataforma Cinema Virtual. Para mais informações, acesse: www.cinemavirtual.com.br.
por Victória Profirio – especial para A Toupeira