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Crítica: “Ao Lado de um Assassino”

Seriais killers, ou assassinos em série são seres que, apesar de assustadores e repugnantes por suas ações, têm um lugar fixo no imaginário popular: existe uma quantidade considerável de filmes, séries, músicas, quadrinhos, livros etc. que tratam do assunto, sejam de casos reais ou fictícios.

Por sua vez, há uma pergunta fundamental: O que é um assassino em série? O que o diferencia de um assassino em massa?

Segundo o FBI, um assassino em série é aquele que assassina mais de duas vítimas, em eventos e locais diferentes, com um período entre estes. Isto diferencia suas ações de homicídios duplos ou triplos, ou de assassínio em massa, pois estes crimes normalmente se dão no mesmo local, num único evento, ou ocorrem em períodos de tempos muito curtos – horas ao invés de dias.

Além disso é comum que estes ajam dentro de certos padrões, tanto em ações quanto tipos de vítimas, o chamado modus operandi (modo de agir). Tomemos por exemplo o autodenominado BTK – Bind, Torture, Kill (amarrar, torturar, matar) – que atormentou o Kansas entre 1974 e 1991, com uma contagem de 10 vítimas – todas mulheres – comprovadas ao longo desse período. Dennis Rader, seu real nome, agia amarrando e torturando, manifestações de seu sadismo sexual extremo, e por fim matando seus alvos, daí o nome.

“Ao Lado de um Assassino” (The Clovehitch Killer) é um dos títulos que tratam do assunto com um personagem fictício. No entanto, apesar de ficção, o filme se inspira claramente no supracitado BTK: seu modus operandi e tipo de vítimas, sua vida familiar, com dois filhos e uma esposa amorosa, o lugar exemplar na comunidade, a religiosidade, e o panorama militar todos são similares ao personagem real, embora difira no nome e na sequência de ocorrências.

O longa é mais um conto de chegada da idade de um jovem, no caso o filho do serial killer, Tyler (Charlie Plummer), que deve lidar com as agruras de envelhecer, o conservadorismo e as fofocas de sua comunidade religiosa, e o florescer de sua própria sexualidade, ao se envolver primeiro com uma jovem de sua comunidade, depois com Kassi (Madisen Beaty), que é fixada em assassinos em série, em particular o epônimo Clovehitch.

Devido ao fato de se basear na realidade, o filme às vezes falha ao apontar a hipocrisia do sonho americano, do conservadorismo religioso, e da instituição familiar, em especial do pai de família, ao se focar em criar paralelos entre Clovehitch e BTK, acabando por anular um pouco de sua crítica, e se torna apenas uma ficcionalização de sua história, ao invés de uma análise do horror por trás da fachada do tradicionalismo norte-americano.

Esses dois fatores, no entanto, não devem desmerecer a produção que, ainda que possua essa característica, tem o ritmo e a trama de uma obra de suspense, e dos bons, em particular na constante tensão entre pai e filho, um sempre um passo à frente do outro, além de manter constantemente sobre o espectador o temor da revelação e o subsequente conflito entre os dois.

Curiosamente, “Ao Lado de um Assassino”, que está disponível para compra e aluguel nas plataformas digitais Claro Now, Amazon, Vivo Play, iTunes/Apple TV, Google Play e YouTube Filmes, consegue acertar em cheio suas duas principais ambições: um digno filme de chegada da idade e é um suspense interessante. Além disso, a mistura entre os dois é bem conduzida, e portanto vale a pena assistir, mesmo para os fãs mais intensos do gênero.

por Ícaro Marques – especial para A Toupeira

*Título assistido em Cabine de Imprensa Virtual, a convite da Synapse Distribution.

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