Releituras sobre profecias religiosas vigoram a muito tempo em Hollywood. Algumas apresentam visões interessantes sobre passagens bíblicas, outras se colocam nos dias atuais e mostram o que aconteceria se algo do gênero ocorresse. E “A Profecia do Mal” (Devil Conspiracy), longa tcheco dirigido por Nathan Frankowsk, tenta unir essas duas vertentes.
A história é sobre uma empresa de biotecnologia que possui em mãos a capacidade de clonar artistas famosos – como Vivaldi ou Leonardo Da Vinci – apenas com DNA, mantendo o talento e suas habilidades originais.
Porém, esta é comandada por uma seita satânica que têm como plano roubar o Santo Sudário, que contém o DNA de Jesus, clonar o corpo santo e transferir a alma de Lúcifer que foi preso no Inferno pelo Arcanjo Miguel há milhares de anos.
O Santo Sudário é exposto para fiéis numa igreja e então somos apresentados aos protagonistas: Laura (Alice Orr-Ewing) – uma estudante de história e arte cristã que vai até o local a convite de seu amigo, Padre Marconi (John Doyle).
Ambos são surpreendidos à noite quando ocorre a invasão, culminando na morte de Marconi e o sequestro de Laura, por ser uma possível escolhida para dar à luz a criança clonada. Mas, ao perceber a ameaça, o Arcanjo Miguel (Peter Mensah) retorna à Terra, possuindo o corpo do já falecido padre para impedir que tal ato profano aconteça.
O roteiro de Ed Alan não parece levar em conta qualquer estrutura narrativa, apenas usando como base a guerra celestial entre dois anjos da bíblia cristã. Embora tente se vender como um título de suspense e terror, o longa não atinge tal objetivo com muita eficiência, o que fica bem visível durante praticamente toda sua duração de 111 minutos.
Em relação ao figurino das criaturas que habitam o Inferno, estas apresentam um design muito simplista, remetendo até mesmo a séries da década de 1980. Quando se trata de atuação, John Doyle parece ser o único, entre todo o elenco, realmente disposto a desenvolver seu personagem na tela, em especial pelo fato de atuar com personas diferentes (um padre e um arcanjo). Cabe destacar a trilha sonora, que atua como elemento fundamental para ajudar a despertar o interesse do espectador.
O maior pecado de “A Profecia do Mal” talvez seja, justamente, essa indefinição de um gênero no qual sua narrativa possa se encaixar. E, por isso, acaba entregando um resultado mediano, seja qual for o ângulo pelo qual se enxergue a premissa proposta.
por Artur Francisco – especial para A Toupeira
*Título assistido em Cabine de Imprensa promovida pela Imagem Filmes.