Crítica: “Gemini: O Planeta Sombrio”

O fim da vida na Terra não é nenhuma novidade. Demore décadas, séculos ou milênios, a ideia de que a humanidade será extinta em algum momento parece cada vez mais plausível – seja pela reação do planeta a uma superpopulação que não para de crescer ou pela culpa de seus próprios habitantes que agem como se não houvesse um problema de dimensões catastróficas batendo à nossa porta.

Em “Gemini: O Planeta Sombrio” (Zvyozdniy razum / Project Gemini) a ameaça de extinção torna-se uma realidade a ser enfrentada, sem muitas opções, com a epidemia de um vírus que está acabando com o oxigênio da atmosfera, advindo das plantas (como sempre, a Natureza dando de dez a zero nas pessoas).

Até que o paleontólogo Steven Ross (Egor Koreshkov) oferece uma opção inovadora e que pode salvar a espécie humana: a colonização de outros planetas através de um processo de terraformação – ou seja, efetuar modificações que os tornariam adequados às necessidades de seres vivos da Terra. Basicamente, a proposta é criar uma versão 2.0 do nosso planeta, no chamado Sistema Solar Tess, para usurpar seus recursos, assim como já fazemos aqui.

Tal possibilidade surge quando, durante uma escavação, uma equipe de cientistas encontra misteriosos artefatos, dos quais extraem a tecnologia necessária para realizar a grandiosa missão. Para isso, um grupo é convocado a viajar até o planeta escolhido para ser a nova moradia dos terráqueos, a fim de preparar o terreno – literalmente – para a chegada dos novos (e não tão bem-vindos) moradores.

É claro que as coisas não saem como o esperado e a nave acaba aterrissando em um solo ainda mais desconhecido, aonde uma forma de vida parece pouco disposta a dividir seu espaço com os membros da tripulação. Para livrar-se do empecilho, ela não hesitará em fazer o que for preciso (entenda-se: mortes como alternativas rápidas e eficazes).

Sob a direção de Serik Beiseuov e Vyacheslav Lisnevskiy, o longa roteirizado por Natalya Lebedeva e Dmitriy Zhigalov, mescla elementos de ficção científica e terror (receita já muito utilizada em outros títulos) na tentativa de entregar uma história que tenha algo interessante a contar.

Longe de ser um êxito completo, se buscarmos com boa vontade, há pontos em “Gemini: O Planeta Sombrio” que dão certo, pela presença desses itens que moldam a cartilha dos gêneros citados. Dentro das (poucas) possibilidades, os efeitos visuais não chegam a comprometer negativamente a experiência.

Mas também há muito que poderia ser melhorado – caso o orçamento fosse mais elástico – como a própria identidade da criatura que precisam enfrentar no inóspito planeta em que vão parar e que parecia ter potencial para muito mais do que o que foi apresentado.

No geral, o filme (coprodução entre Rússia e Chipre) se mantém mediano, sem grandes momentos de destaque, o que pode ser um obstáculo para quem ainda espera por algo inovador em um campo tão amplamente explorado como o da ficção científica com pitadas de terror.

por Angela Debellis

*Título assistido em Cabine de Imprensa Virtual promovida pela Paris Filmes.

Filed in: Cinema

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