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Resenha: “Diário de Aventuras de Ariel: A Maldição das Bruxas do Mar”

Contos clássicos têm o dom de nos fazer acreditar que realmente as coisas seguem plenas após o “Felizes para sempre”, afinal, buscar a felicidade é algo que fazemos de maneira inata, e crer que é possível alcançá-la como algo duradouro, é um dos combustíveis para seguirmos em frente.

Mas, existe a curiosidade para saber o que aconteceu com personagens queridos, após a última frase de um livro ou a derradeira cena de um filme. Para ajudar a sanar as dúvidas dos fãs de uma das figuras mais emblemáticas da Disney, a Editora Planeta lança “Diário de Aventuras de Ariel: A Maldição das Bruxas do Mar”, cuja trama se passa após o final da clássica animação de 1989, “A Pequena Sereia” (que teve sua versão live-action lançada essa semana nos cinemas).

Na obra original escrita por Rhona Cleary (com tradução de Paloma Blanca Alves Barbieri), vemos o casal Ariel e Eric partindo de Copenhague, na Dinamarca – onde fica seu reino – para uma expedição nas terras gélidas do Ártico, mais especificamente a Groelândia. Lá, o príncipe é esperado por seu primo Magnus, para supervisionar a construção de um novo porto.

Tal missão prevista para durar alguns meses servirá para Ariel conhecer mais sobre o mundo do que agora faz parte, com direito à exuberante fauna e flora da superfície, além de novas e ricas culturas, como a do povo inuíte (os famosos esquimós).

Mas, o que parecia uma viagem de negócios tradicional ganha ares de aventura quando Ariel tem acesso à história da Rainha do Ártico, Arnaaluk, e acaba se identificando com as semelhanças que esta carrega com a sua própria, como se fosse uma versão muito menos feliz de seu conto.

O que culmina na descoberta de uma comunidade de sereias local, que se vê em perigo com a construção do porto, uma vez que a obra invadirá seu habitat. Com cada lado – humanos e sereias / tritões – defendendo ferrenhamente seus interesses, caberá à Ariel (única que faz parte dos dois mundos) intervir para tentar encontrar uma solução que seja adequada a todos.

Como pede uma personagem tão encantadora, a graphic novel é sublime. As ilustrações de Valentina Brancati – com refinamento de Andrea Greppi, pintura de Lorenzo Fornaciari e desenhos a lápis de Marco Leoni – são tão delicadas quanto detalhadas e rapidamente nos deixamos envolver por sua beleza e embarcamos no conteúdo que nos é apresentado.

Em 96 páginas, é possível perceber que toda a graça e pureza tão características de Ariel permanecem intactas, mesmo que agora ela vive na superfície – o que pode ser visto através de cada expressão facial, de cada gesto que mostra o quanto coisas triviais ainda a fazem sorrir. Assim como é lindo notar como seu relacionamento com Eric se mantém cheio de amor e cumplicidade.

São pequenos detalhes, como a preocupação genuína que há entre eles, um singelo presente, uma decisão tomada emergencialmente, que se tornam elos de uma corrente sólida e fazem os olhos dos leitores brilharem e os corações ficarem quentinhos (ainda que a narrativa se passe em um ambiente tão frio).

E se a doçura é um ponto importante, a coragem também é. As decisões de Ariel em ajudar o povo do mar, ainda que isso possa parecer tão contrário às expectativas daqueles que a cercam contribuem para que seja fácil entender o motivo dela fazer jus ao título de princesa.

Outro ponto a ser destacado foi a escolha em contar partes da história na forma de relatos em um diário mantido por Ariel, no qual escreve e lustra o que viveu. Essas páginas são representadas como se, de fato, fizessem parte do livro pessoal da personagem, com direito à fonte tipográfica diferente para simular textos escritos e coloridos a lápis. Muito lindo.

Como alguém que ainda mantém os diários de adolescência guardados com todo carinho e que ama o tipo de publicação de “Diário de Aventuras de Ariel: A Maldição das Bruxas do Mar”, eu espero que novas aventuras do príncipe e da princesa de Copenhague ganhem vida em edições futuras.

Crédito das fotos: Angela Debellis.

por Angela Debellis

*Livro cedido pela Editora Planeta.

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