Num mundo em que bons efeitos especiais e uma tela verde resolvem grande parte dos problemas, é uma dádiva assistir a uma produção como “O Regresso” (The Revenant) – ainda que não seja algo que consiga agradar a toda audiência.
Sob a direção de Alejandro González Iñárritu, viajamos ao início do século XIX (mais precisamente 1820) para acompanhar a difícil jornada de Hugh Glass (Leonardo DiCaprio, naquele que desponta como o papel que lhe renderá seu primeiro Oscar). O protagonista é um guia que trabalha para caçadores de animais selvagens nos Estados Unidos e passa pelas mais diversas e dolorosas experiências após ser abandonado por seus companheiros para morrer sozinho na floresta – o que dadas às circunstâncias, parece muito improvável, mas não é exatamente o que acontece.
A já icônica “Cena do Urso” conta com um realismo que pode incomodar algumas pessoas. A pós-produção é tão competente, que acreditar no que se vê acaba sendo uma tarefa muito simples (ainda que não sejam sequências das mais encantadoras).
Os cenários são inacreditáveis – assim como a opção do diretor em usar apenas a luz natural das locações, o que acarretou em filmagens que duravam apenas uma hora por dia. Mas esteticamente valeu a pena? Com toda a certeza.
O filme também conta com um “vilão” à altura. John Fitzgerald é daqueles personagens que temos vontade de levantar da cadeira apenas para dar um soco na cara dele. Ponto para Tom Hardy que mostra a que veio e consegue uma indicação a Ator Coadjuvante.
Em alguns momentos, pode-se achar que a narrativa se arrasta, que a duração (2h36) poderia ser menor, mas tudo se perde diante da curiosidade do espectador em saber como a história termina depois de tanto sofrimento.
Com 12 indicações da Academia – e grandes chances de vencer em mais de uma categoria – o longa, que é baseado em fatos reais e chega hoje aos cinemas brasileiros, imprime seu nome na história do cinema mundial. Vale conferir (de preferência em IMAX).
por Angela Debellis