Hoje, 04 de abril, é o Dia Mundial dos Animais em situação de rua e eu creio ser a data perfeita para a estreia de “Uma Prova de Coragem” (Arthur The King) nos cinemas.
Adaptada a partir de fatos reais relatados no livro “Arthur the King: The dog who crossed the jungle to find a home”, escrito pelo atleta sueco Mikael Lindnord, a trama começa na Costa Rica, e mostra a edição de 2015 do Campeonato Mundial de Corrida de Aventura.
O protagonista é o americano Michael Light (Mark Wahlberg), experiente corredor profissional que, embora tenha uma longa trajetória no esporte, nunca venceu nenhuma competição. Após mais uma derrota – em grande parte provocada por sua incapacidade em ouvir opiniões de seus colegas de equipe – parece que sua história como esportista havia terminado.
Tal fato também se dá pela falta de bom senso de Leo Sun (Simu Liu), que enxerga a corrida (e qualquer adversidade que surja no percurso) apenas como uma ponte para aumentar as visualizações em suas redes sociais.
Mas, como diz o protagonista, “Corredores correm” e é isso que ele faz em 2018, quando volta à ativa para o campeonato realizado em Santo Domingo, na República Dominicana. A seu lado, a equipe que, embora relutante, acredita que essa possa ser a última chance de todos – cada um por um motivo pessoal distinto – escreverem seus nomes nos registros dessa prática esportiva.
Sem credibilidade para conseguir patrocínio, Michael sabe que é preciso lutar pelo que acredita e, para isso, recruta, pessoalmente, os membros do time: a escaladora Olivia Baker, (Nathalie Emmanuel), o corredor veterano Chik (Ali Suliman) e aquele cuja presença é exigida pela empresa que decide investir muito menos do que seria necessário, Leo Sun.
A partir desse ponto, o longa dirigido por Simon Cellan Jones torna-se uma ótima opção para espectadores que gostam de acompanhar narrativas esportivas, já que quase a totalidade da ação se passa nos cenários naturais de Santo Domingo, que incluem mata nativa, montanhas e rios. Entre as sequências, destaca-se a da tirolesa, ao mostrar com perfeição, o grau de tensão que se funde à confiança dos competidores.
Durante o percurso, a equipe encontra um cachorro em situação de rua (interpretado por Ukai) – infelizmente, animais abandonados parecem ser frequentes no local – e uma inesperada conexão entre Michael e o agora nomeado Arthur (como o famoso personagem da literatura medieval britânica) acontece. Daquelas que somente os que abrem o coração a um animal – independente da espécie – vão entender.
É emocionante ver em tela a progressão do laço que se forma entre Arthur e os corredores. Se antes ele era “apenas” mais um número na cruel estatística do abandono, agora é parte da equipe e, como tal, merece concluir a jornada junto a ela. Não será uma tarefa fácil, pois, além das óbvias dificuldades físicas impostas pela dura competição, o cãozinho também precisará superar problemas causados por uma vida de imperdoáveis maus tratos físicos.
Obviamente, o roteiro de Michael Brandt será mais efetivo para quem abraça a ideia de adotar um animal carente e, mesmo sabendo de todas as implicações que isso vai causar em sua rotina, não esmorece e segue em frente. Ainda que duras decisões às vezes precisem ser tomadas, às vezes.
A história é sublime. Assistir ao progresso emocional que a chegada de Arthur proporciona em uma escala muito maior do que se poderia imaginar é algo muito emocionante. E nos faz sair da sala de cinema com olhos inchados e uma pequena – diante de uma realidade tão dura para milhões de animais abandonados ao redor do planeta, mas de todo modo, válida – ponta de esperança no coração.
Nas palavras do escritor americano Thom Jones, “Cães têm uma forma de encontraras pessoas que deles necessitam, preenchendo um vazio que nem sequer elas sabem que têm”. “Uma Prova de Coragem” é perfeito para essas pessoas.
por Angela Debellis
*Título assistido em Cabine de Imprensa promovida pela Diamond Films.
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