Crítica: “Fúria Primitiva”

Em um momento em que “Godzilla e Kong: O Novo Império” e “Planeta dos Macacos: O Reinado” estão em grande destaque, lançar uma obra onde o protagonista veste uma máscara simiesca é arriscado, por levar a comparações desconexas ou mesmo estimular a acusação de oportunismo.

Ainda mais com o próprio título original, “Monkey Man”, fazendo alusão à figura de homem-macaco. Porém, o que vemos aqui é uma interpretação da divindade Hanunman em uma história bem elaborada de ação e suspense.

Em “Fúria Primitiva” ( Monkey Man), Dave Patel , que também escreve (junto a Paul Angunawela e John Collee), produz (ao lado de outros nomes, como Jordan Peele) e dirige, interpreta Kid, um lutador de torneios ilegais que busca vingança contra o general corrupto que eliminou seu povo e sua família.

Gerando um clima sombrio, temos bem caracterizada uma elite com alto grau de refinamento estético e intelectual em oposição a uma população que mal tem condições básicas de moradia. Isso tudo piorado pela ascensão de Baba Shakti (Makarand Deshpand), um guru religioso  cujas pregações funcionam exatamente para anestesiar os trabalhadores e exaltar seus governantes.

Tendo mais proximidade dos títulos asiáticos de ação do que obras norte-americanas atuais, nosso herói não começa com grandes habilidades, com o filme mostrando sua progressiva evolução física e mental, de alguém que mal sabe se mover até se tornar uma grande ameaça – algo que só conseguirá quando deixar de lutar apenas por si mesmo, para se dedicar a virar um campeão dos rejeitados.

Ao longo da obra, temos os mais diversos tipos de ação, de torneio de artes marciais a perseguição armadas nas ruas, de infiltração com toques de espionagem a lutas contra dezenas de oponentes.

A junção de ângulos de câmera e iluminação adequados para cada sequência de combate permite captar bem o estado mental do protagonista, do seu início confuso e desesperado, assim como seu progressivo crescimento, ficando cada vez mais focado e atento. Tudo acompanhado pela excelente trilha sonora de Jed Kurzel, que mescla instrumentos tradicionais com modernos.

Com a intenção de sempre seguir em frente, Kid se espelha na figura heroica de Hanuman, a divindade rei-macaco que, no contexto do longa, é colocada como uma figura desprezada, mas que é capaz de desafiar até os deuses.

Algo que vai além da simples inspiração, quando ocorre a perseguição religiosa dos opositores ao guru e começa o leve (mas preciso) toque sobrenatural da trama.

Para mim, “Fúria Primitiva” é um dos melhores filmes de ação dos últimos anos.

por Luiz Cecanecchia – especial para A Toupeira

*Título assistido em Cabine de Imprensa promovida pela Diamond Films.

Filed in: Cinema

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