Crítica: “A Grande Fuga”

Dias, meses, anos. Não importa a passagem de tempo. A verdade é que certos fatos continuarão fazendo parte de nossas trajetórias – seja como saudosas lembranças, ou num quadro menos favorável, quando ganham contornos de traumas irremediáveis. Essas possibilidades dúbias servem de apoio ao drama “A Grande Fuga” (The Great Escaper).

Baseado em fatos reais, o roteiro de William Ivory conta a história de Bernard “Bernie” Jordan (Michael Caine, que saiu da aposentadoria, apenas para gravar o longa) que, em 2014, foge da casa de repouso na qual vive com a esposa Rene (Glenda Jackson, em seu último papel para os cinemas. A atriz faleceu em junho de 2023), na Inglaterra, para ir à França.

A viagem do Veterano da Segunda Guerra Mundial às Praias da Normandia tem como intento as celebrações que marcam o 70º aniversário do Dia D, mas também carrega outro motivo guardado em segredo absoluto durante décadas e que remonta a uma dolorosa promessa feita a um soldado que conheceu enquanto ambos serviam a Marinha Real da Inglaterra.

Depois de seu desaparecimento ser esclarecido pela polícia local, Bernie acaba ganhando status de herói, não apenas pelos serviços prestados à nação, mas pela coragem e lealdade mantidas no auge de seus 89 anos. Ver o protagonista lidar com a inesperada fama – que chega sob a forma de inúmeras matérias televisivas, capas de revistas e manchetes de jornal – consegue colocar um sorriso nos rostos dos espectadores.

A outra vertente do filme dirigido por Oliver Parker mostra o relacionamento de Bernie e Rene – o que é absolutamente encantador e nos faz não querer viver uma parceria tão sólida e repleta de amor quanto a deles.

Mesmo depois de seis décadas de união, a maneira como cuidam um do outro, o zelo com as palavras e ações, tudo contribui para minimizar inevitáveis complicações físicas que uma existência longeva pode trazer.

Ainda sobre dualidade da narrativa, se, por um lado há a singeleza de detalhes como o close em uma mão marcada pela vida (mas que segue ostentando com orgulho a aliança de casamento) ou uma pequenina flor desidratada que lembra o primeiro encontro, por outro há a cruel realidade dos que participaram das batalhas, deixando para trás familiares e amores, para tornarem-se portadores da morte.

Não são necessários muitos artifícios para ganhar o público, além da imensa competência dos protagonistas. Lágrimas necessárias (porém, ocultas por anos) e valorosos conselhos de quem sabe que a finitude de seus dias é algo próximo, são mais do que suficientes para emocionar aqueles que reconhecem a importância de se respeitar os mais experientes.

Vale muito a pena conferir.

por Angela Debellis

*Título assistido em Cabine de Imprensa promovida pela Diamond Films.

Filed in: Cinema

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