Depois de dez dias de intensa e diversificada programação, a 27ª Bienal Internacional do Livro de São Paulo chegou ao fim. Números oficiais indicam que esta foi a maior edição dos últimos dez anos, com um número impressionante de 722 mil visitantes – bem superior aos 600 mil previstos inicialmente.
Embora os interesses de cada um sejam variáveis, parece fácil dizer que há um assunto capaz de tornar toda essa multidão em algo único: o amor pelos livros. Sentimento esse que foi abraçado pelos (as) expositores (as) e editoras que se propuseram a tratar de temas que fossem pertinentes a todas as faixas etárias e preferências literárias.
Com o evento finalizado, é hora de pensar em seus grandes acertos. Entre eles, a decisão pelo retorno ao Distrito Anhembi. Sim, em dias de maior público, transitar no local não era tarefa das mais fáceis, mas, ainda assim, o espaço mais amplo em relação à edição anterior contribuiu para um melhor fluxo nos corredores.
Não há muito a se fazer em relação a estandes de editoras mais populares. As que têm maior credibilidade (seja por seu tempo de atuação ou pela visibilidade positiva entre os consumidores) contam com espaços maiores, mas as filas – para pagamento ou mesmo para chegar ao seu interior – são constantes.
Na prática, isso pode ser um problema para quem não se sente confortável em ambientes lotados. Por outro lado, é a prova de que, não importa o quanto a tecnologia avance, nada supera o interesse pelos livros físicos. Visto que boa parte das pessoas chegou ao evento preparada com malas de viagem, por presumirem a aquisição de várias obras.
Já as editoras que oferecem títulos a preços mais tentadores costumam ser o foco de atenção de quem não procura por algo específico, indo apenas com o coração aberto a possibilidades de adquirir novos volumes – para sua coleção ou para dar início ao, quase sempre longevo, relacionamento com a leitura.
A dica, para quem puder segui-la, é visitar a Bienal mais de uma vez, durante os dias de funcionamento (que passam muito mais rápido do que gostaríamos), uma vez que o mais bacana da experiência – além de, obviamente, comprar livros – é aproveitar para assistir a alguma palestra, conversar com autores (as) que estiver autografando seu trabalho ou aproveitar a beleza de espaços pensados para colocar o público em alguma situação que faça referência a obras e/ou personagens aclamados.
Por falar nisso, ver como os adultos abraçam a ideia de fazer registros com nomes voltados à literatura infantil me faz sorrir. A presença de personagens (em sua maioria, representados em figurinos bem convincentes) e o oferecimento de livros que assumem a função de serem os primeiros amigos nas viagens entre as páginas que faremos durante a vida sempre estão entre as minhas partes favoritas do passeio.
Essa edição foi especialmente marcante para mim, devido a algo que deveria ser trivial, mas que parece muito em falta no mundo: a gentileza. Desde os (as) monitores (as) que orientavam as filas na estação Portuguesa-Tietê (de onde saia o transporte gratuito até o Distrito Anhembi), passando pelos (as) vendedores (as) nos estandes e pelas profissionais de limpeza que ajudavam a organizar o uso dos banheiros (que se mantiveram limpos, mesmo com o fluxo crescente e incessante), todos(as) pareciam exalar satisfação em fazer parte daquilo.
Também tive o privilégio de conhecer assessores (as) de editoras que demostram respeito pelos profissionais de jornalismo. Essa troca de experiências ajuda a enriquecer nosso trabalho de divulgação e fortalece importantes laços formados a partir do interesse em se estar atualizado no que diz respeito a novidades que chegam ao mercado literário.
Até 2026, Bienal (já sinto sua falta). E obrigada por me ajudar a escrever mais um capítulo inesquecível em minha vida de leitora.
Crédito das fotos: Clóvis Furlanetto. Confira outras imagens em nossos stories destacados.
por Angela Debellis