Crítica: “Babygirl”

O comportamento humano (no geral) é uma das coisas mais complexas que existem. Em busca de satisfação / reconhecimento / prazer, o mesmo indivíduo é capaz de incorrer em ações totalmente opostas, sem que isso pese – além do necessário – na definição única de seu caráter. É o que vemos em “Babygirl” (Babygirl).

No centro da trama escrita e dirigida por Halina Reijin está Romy (Nicole Kidman), cuja posição de CEO em uma empresa de automação de armazéns a coloca em uma posição de poder e a faz ser admirada (invejada?) profissionalmente.

Mas, se o emprego lhe traz contentamento, o mesmo não se pode dizer de seu casamento que já bate a marca de 19 anos. Jacob (Antonio Banderas) é um marido zeloso, mas sem grandes ambições além daquelas que uma relação tão longeva tende a proporcionar. O diretor teatral nem sonha como (ou pelo menos não demostra saber) o que se passa nas profundezas emocionais de sua esposa / mãe de suas duas filhas.

A aparente estabilidade de Romy é colocada à prova com a chegada do novo estagiário Samuel (Harris Dickinson). O comprometimento que se inicia como uma monitoria profissional logo se transforma em um caso extraconjugal marcado pelo – até aqui inconfesso – fetiche de submissão da protagonista.

O que vem a seguir é uma espécie de “jogo” sexual, com papéis bem estabelecidos: Samuel dá as ordens – de maneiras que oscilam até um limite facilmente visto como problemático; Romy obedece comandos cujo índice de humilhação é proporcional ao prazer obtido.

Mas, essa relação não se resume a quartos de hotel como cenários de encontros furtivos, e sua descoberta pode colocar várias áreas da vida de Romy em risco, que se vê à mercê de perder não apenas seu cargo, mas destruir seu casamento. O quanto tais prejuízos a afetaria, de fato, é algo que vai da percepção de cada espectador.

Há elementos a se destacar no longa, como a sobriedade da protagonista – vista, em especial, na paleta de cores que a cerca, seja em seu figurino ou na decoração de sua casa – que é o inverso do que se mostra quando ela está com seu amante.

Assim como vale salientar a qualidade da trilha sonora – tanto a original de Cristobal Tapia de Verr, quanto o uso de faixas icônicas como “Never Tears Us Apart” da banda INXS e “Father Figure” de George Michael (ambas lançadas em 1987), na íntegra, a fim de pontuar determinadas sequências do casal.

Com alguns prêmios já conquistados (entre eles, o Coppa Volpi de Melhor Atriz, concedido à  Nicole Kidman, na mais recente edição do Festival de Veneza), várias indicações em outras premiações e dado como nome certo em mais de uma categoria do Oscar (que vai anunciar seus candidatos em 19 de janeiro), “Babygirl” tem uma proposta com várias ramificações, mas, no geral, creio que possa ser visto como um thriller erótico com veladas limitações.

por Angela Debellis

 

*Título assistido em Cabine de Imprensa promovida pela Diamond Films.

Filed in: Cinema

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