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Crítica: “O Rei dos Reis”

Para conhecer a trajetória de Jesus Cristo não é preciso seguir nenhuma religião. A história atemporal sobre a passagem do filho de Deus por este mundo tornou-se popular e acessível ao longo dos anos, incluindo quem não costuma partilhar de seus ensinamentos.

Os fatos que mostram do nascimento à ressureição de Jesus já foram representados de mais maneiras do que seria viável contar, sejam em relatos bíblicos, adaptações literárias, teatrais ou cinematográficas. Então, como fazer algo que possa gerar a curiosidade e conquistar não só o prévio, mas também um novo público?

Essa é a proposta de “O Rei dos Reis” (The King of Kings), animação sul-coreana dirigida por Seong-ho-Jang (que também assina o roteiro junto a Rob Edwards e Hoseok Sung) e livremente baseada na obra “A Vida do Nosso Senhor”, de Charles Dickens. Lançado postumamente em 1934, o manuscrito do escritor inglês foi concebido para seus filhos, mas acabou ganhando a luz do dia ao ser publicado. Que bom que isso aconteceu.

A trama começa com Dickens (voz de Kenneth Branagh) fazendo uma leitura dramática de outro grande sucesso seu, “Um Conto de Natal”, quando é interrompido por um de seus filhos, Walter (voz de Roman Griffin Davis). O menino criativo tem como grande inspiração as lendas do Rei Artur e, junta à gatinha de estimação Willa (voz de Dee Bradley Baker), transforma suas brincadeiras infantis em verdadeiras aventuras.

Por intermédio de sua imaginação fértil, vamos acompanhar os passos de Jesus Cristo (voz de Oscar Isaac) na Terra. De seu nascimento humilde à ressureição após ser crucificado, várias passagens importantes são mostradas em tela, entre elas: a multiplicação dos pães e peixes, o período de tentação no deserto, o caminho sobre as águas.

Mais do que um mero espectador, Walter torna-se um coadjuvante da história, e é assim que o vemos – junto a seu pai – como se ambos estivem na época em que os fatos se passam. O que dá um ar de ainda mais proximidade (e urgência) à narrativa.

Tudo contado de maneira a se fazer entender, mas sem a necessidade de ser explícito. Mesmo os acontecimentos mais tristes (como o flagelo durante a Via Dolorosa) são, em parte, amenizados, a fim de que as crianças menores possam assistir à produção e absorver a mensagem, sem um impacto excessivo.

Quanto ao visual, a animação é tão simples, quanto bela. Os traços conseguem transmitir com eficácia as sensações de cada personagem, tornando-se fácil distinguir serenidade, decepção, alegria e dúvida. Mas, acima de tudo, é possível sentir-se imediatamente acolhido pelo olhar do protagonista.

A fim de pontuar certas sequências, outros tipos de contornos são usados, dando uma característica única a cada cena. Como a que mostra a criação do mundo representada em gravuras em preto e branco, com estilo mais próximo à realidade.

“O Rei dos Reis” estreia nos cinemas, ciente de sua força perante o público. Em especial aqueles que buscam resguardo através das palavras de Jesus ou que enxergam em suas lições motivos para seguir em frente.

por Angela Debellis

*Título assistido em Cabine de Imprensa promovida pela Heaven Content

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