Com prêmios internacionais na bagagem, “Abá e sua Banda” chega aos cinemas do país e mostra o quanto animações brasileiras devem ser valorizadas (ainda mais quando não se fazem desnecessárias comparações com obras de outros lugares).
Dirigida por Humberto Avelar, a produção nos apresenta a história de Abalberto – ou simplesmente, “Abá” (voz de Filipe Bragança), herdeiro do Reino de Pomar, um local onde os habitantes são frutas de todas as variedades, cores e tamanhos.
Aos 13 anos, o príncipe Abacaxi não almeja ascender ao trono, mas seguir o caminho da música, tal qual sua falecida mãe, a Rainha Nanás (voz de Mônica Marangon Martins). Porém, com o governo de seu pai, o Rei Caxi (voz de Mauro Ramos) cada vez mais desaprovado pelo povo, talvez seus sonhos tenham que ficar em segundo plano.
Enquanto é treinado para assumir o poder, Abá encontra conforto na formação da banda com que pretende se apresentar no Festival da Primavera. Junto a seu melhor amigo Juca – um introvertido e talentoso Caju (voz de Robson Nunes) – e a recém-chegada Ana, uma esperta e habilidosa Banana (Carol Valença), o jovem descobrirá que há muito mais do que imagina fora das paredes do “Caxistelo” onde vive.
Mesmo sob um véu colorido e de aparência simples – ideal para conquistar as crianças menores – o roteiro de César Coelho, Daniel Fraiha, Silvia Fraiha e Sylvio Gonçalves também demostra força diante do público mais velho, ao abordar assuntos sérios como lideranças políticas e injustiças sociais.
Ao colocar o ganancioso tio de Abá, Don Coco (voz de Humberto Avelar) como seu principal antagonista, surge a discussão de até que ponto laços familiares podem se sobrepor a compromissos profissionais e ditar regras (ou vice e versa).
Enquanto a presença de Titikaba, uma sábia e experiente Jabuticaba (voz de Zeze Motta), nos relembra da importância de se compartilhar com as novas gerações, relatos que ajudaram a construir nossas histórias, a fim de que bons exemplos sejam seguidos e erros não voltem a ser cometidos.
Com uma narrativa que tem a música como uma de suas peças principais, há de se destacar o bom trabalho de Milton Guedes, Silvia Fraiha e André Mehmari, na criação da trilha sonora original, cujas faixas conseguem transitar entre a emoção nata, o convite à dança e a urgência de uma sociedade que busca ser mais justa e igualitária.
“Abá e sua Banda” tem uma graça natural, que se faz enxergar através de inteligentes trocadilhos com os nomes dos personagens e o uso de suas características básicas para criar perfis singulares e aparências que convocam o espectador a olhá-los com mais atenção, a fim de perceber tais detalhes.
Vale conferir.
por Angela Debellis
*Título assistido em Cabine de Imprensa Virtual promovida pela Manequim Filmes.
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