Crítica: “Warcraft: O Primeiro Encontro de Dois Mundos” (por um gamer)

Warcraft pôster crítica FranzConheci Warcraft em algum momento entre 1994 e 1995, com o jogo “Warcraft: Orcs & Humans” e, desde então, acompanhei todos os lançamentos da franquia para os games. Assim que soube do anúncio da adaptação cinematográfica, fiquei na expectativa: havia tantas boas histórias para serem contadas, que seria maravilhoso ver isso na telona. Talvez até uma série derivada dos jogos seria algo viável.

Foi com grande emoção que assisti a “Warcraft: O Primeiro Encontro de Dois Mundos” (Warcraft – The Beginning). Senti contentamento em ver os personagens que me emocionaram ao longo dos anos, por relembrar as aventuras (mesmo com algumas mudanças) que joguei, acompanhá-las tomando vida e evoluírem de qualidade na questão “gráfico”. Ver os bonecos dos personagens que estão na minha prateleira – ainda que não os mesmos – nas telas me causou um grande sentimento de nostalgia e boas memórias.

O longa em si, não é uma obra prima, que fique claro. Mas, creio eu, que o mais importante ele faz: diverte! Especialmente quem já conhece o enredo.

O começo é digno de um “cinematic” (as tão famosas “animações”) de Warcraft III; a trilha sonora, logo de cara, evoca músicas conhecidas, com tambores e um ritmo marcante e característico para quem já viveu em Azeroth dos games.

O filme adapta (leia-se: há mudanças, especialmente com relação à Garona, Medivh, e alguns aspectos do Rei Llane e de Anduin “Ragnar” Lothar) o background do primeiro jogo da franquia, “Warcraft: Orcs & Humans”, mostrando parte dos acontecimentos que culminaram na Primeira Guerra entre humanos e orcs, com a travessia pelo Portão Negro.

Os principais elementos estão lá, para compor personagens magníficos (nos jogos) como Durotan, Blackhand, Gul’dan, Lothar, Garona, Doomhamer e Medivh. A produção é cheia de fan-service, inclusive com easter-egg de uma criaturinha que os jogadores adoram (pelo menos eu adoro Murlocks).

Os personagens desenvolvidos com computação gráfica são incríveis, mas as cenas de batalha entre eles deixam um pouco a desejar: são pouco críveis, ou seja: não parece um filme live action. Teria sido o caso de ter sido feita uma animação, estilo “Beowulf”? Talvez. Esse, porém, é o menor dos problemas. Mas uma coisa que eu gostei em algumas sequências de lutas: por vezes, parece que estamos vendo alguém efetivamente jogando e isso me deixou ainda mais emocionado.

Há notícias de que houve 40 minutos de cortes na edição final do material que o diretor Duncan Jones queria ter apresentado ao público, o que parece ter influenciado bastante o resultado exibido, pois tudo acontece muito rápido, deixando a maioria dos personagens rasa – ao menos para o público leigo que desconhece o cenário.

Para o fã, pouca explicação é necessária, mas me parece ruim – e até mesmo prejudicial – para uma possível franquia nos cinemas (que certamente vou acompanhar) “deixar de fora” o grande público que não acompanha a saga. Aparentemente, a Universal pode ter tomado a sempre controversa decisão de deixar explicações importantes para uma edição estendida a ser lançada futuramente, apenas em DVD/Blu ray.

E aqui vem minha maior crítica: se a intenção era cativar novos fãs, penso que a produção acaba parecendo um pouco confusa para a maioria.  As motivações podem surgir como rasas e superficiais – quando na verdade, há uma profundidade em todos os personagens, mas só está ciente disso quem já conhece a trama dos jogos.

A tendência é, portanto, que o filme vá agradar muito mais os fãs do que o público em geral. Mas seja para relembrar bons momentos como gamer ou para conhecer um novo e interessante mundo, vale ir aos cinemas conferir.

por Franz Brehme – especial para A Toupeira

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