Depois de refletir sobre suas vivências como mulher e mãe no emocionante e arrebatador “Carta ao filho”, Betty Milan mergulha agora na relação, delicada, da filha que passa a ser mãe da própria mãe que, aos 98 anos, está quase cega e quase surda, se locomove mal e se alimenta como um passarinho.
Na impossibilidade de diálogo real, a filha-narradora escreve cartas para uma mãe imaginária, falando do seu drama. Faz isso no intuito de suportar a devastação física, a falta de comunicação e, mais ainda, para elaborar a perda da genitora antes mesmo da sua morte. Na obra, ela rememora o passado de uma mulher bem disposta e combativa que, por ter se tornado viúva, assumiu a empresa do marido, cujas cartas de amor ela passou a ler e reler. As mesmas cartas que, na impossibilidade de enxergar, aos 98 anos, a filha lê para ela. E que a inspiraram a tornar-se, ela mesma, escritora.
Apesar da idade, no entanto, esta mãe se conserva esperta e só faz o que bem entende. “Passa a perna” em quem tenta domá-la com orientação sobre os médicos, os remédios, a alimentação, e com isso vai semeando a narrativa de humor. Assim, ela demite sua cuidadora, mas, quando a filha traz outra, ela “por acaso” reencontra a anterior, que obedece sem discutir as suas vontades.
Pensando sobre a condição da mãe, a filha se pergunta até quando a vida deve ser prolongada e questiona a conduta do médico, que procura vencer a morte a qualquer preço. Quando por fim o coração da Mãe Eterna falha, a mente da narradora é tomada pelas lembranças de uma viagem de sonho com a matriarca em sua idade de ouro. A rememoração evidencia o traço mais impressionante da mulher, que deixa a vida sem nunca ter arredado o pé de sua maior virtude: a independência.
Ficha Técnica:
Título: A Mãe Eterna
Autora: Betty Milan
Páginas: 144
Preço: R$ 32,90
Editora Record/ Grupo Editorial Record
Serviço:
Lançamento do livro “A Mãe Eterna”
02 de maio a partir das 19h, no restaurante Spot, em São Paulo
05 de maio a partir das 19h, na Travessa do Leblon, no Rio de Janeiro
07 de maio às 15h, Palestra no Observatório do Amanhã, no Museu do Amanhã, no Rio de Janeiro
da Redação A Toupeira
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