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Crítica: “12.12: O Dia”

” – Mas isso seria um golpe militar!

– Vamos chamar de revolução que fica melhor.”

A Coreia enfrentou uma série de guerras internas ao longo do século 20, com grandes repercussões até hoje . O que não se comenta muito é que o Sul passou por uma violenta ditadura militar cujos bastidores são a inspiração para o filme “12.12: O Dia” (12.12: The Day).

Nele, vemos uma tentativa de redemocratização da Coreia do Sul, após o assassinato do ditador. Porém, o novo chefe da guarda (Jung Woo Sun) precisa enfrentar uma sociedade secreta de militares que fará de tudo para manter sua autoridade.

A obra é uma ficção sobre os bastidores do período real conhecido como Primavera de Seul, que ocorreu entre 1979 e 1980.

O filme começa como um suspense de espionagem com tensão crescente, antes de virar uma obra de guerra por duas horas, alternando entre os brutais confrontos armados e as decisões estratégias de seus líderes.

Nos momentos em que se foca em uma sociedade secreta que existiu de verdade, a obra nos mostra como a ditadura se mantém no poder. Entre as diversas técnicas, vemos a prisão de supostos corruptos, na verdade opositores do governo, dos quais é roubado dinheiro para subornar as autoridades mais flexíveis.

O maior desespero dos heróis é não saber quem pertence à sociedade, quem está subornado e quem está tomado de medo, gerando um ambiente de paranoia, ao mesmo tempo em que múltiplas decisões vitais são atrasadas ou barradas por infiltrados em todos os níveis hierárquicos.

Não é uma produção alegre, já que o foco é mostrar como foi o golpe de estado que reestabeleceu uma nova ditadura. Fica claro como é uma homenagem a todos que lutam pela democracia e uma aula sobre os mecanismos de um governo totalitário.

Mas, isso não deixa o filme chato como se fosse uma aula. Herói ou vilão, cada personagem transmite bem suas emoções e sua visão de mundo, o que se junta a uma paleta de cores progressivamente mais sombria e filmagens bem feitas de combate, para criar uma mescla de ação, suspense e drama histórico bem elaborado

Claramente, o chefe da guarda sempre mostra seu interesse quase técnico-científico em melhorar a eficiência do exército e como o modelo ditatorial é um gasto insano de recursos.

Já o grande vilão, general Chun Doo Gwang ( Hwang Jung Min),  tem uma arrogância extrema que não tolera qualquer coisa que não esteja sob seu comando, criando vários discursos para fazer seu subordinados se verem com heróis, enquanto seu único objetivo real é apreciar o poder.

Assistir a “12.12: O Dia” é entender melhor a história de um país de onde vem tanta cultura audiovisual para nós na última década. Além disso, infelizmente, ainda temos ditaduras pelo mundo com a ameaça constante de novas surgirem, tanto que o último presidente da Coreia do Sul tentou um golpe de estado a pouco tempo, mostrando a importância de estarmos alertas para os sinais desse tipo de ameaça.

por Luiz Cecanecchia – especial para A Toupeira

*Título assistido em Cabine de Imprensa promovida pela Sato Company.

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