A trama de “A Garota do Livro” (The Girl in the Book), longa dirigido e roteirizado por Marya Cohn, conta a história de Alice Harvey (Emily VanCamp), uma moça de 28 anos, filha de um escritor bem sucedido, que sonha em ser escritora como o pai.
Por ter vivido uma adolescência conturbada, ela tem grandes dificuldades em desenvolver ideias no trabalho, deixando esse grande trauma influenciar na sua vida amorosa também.
Alice trabalha como assistente em uma editora de livros, cujo dono não lhe dá espaço para crescimento profissional para seguir e alcançar o que almeja. A atuação de Emily VanCamp é impressionante, a forma como ela vive intensamente o papel de protagonista.
O principal ponto da história parte dos problemas vividos na adolescência da garota, que fazem com que crie bloqueios psicológicos em sua vida. Ela se relaciona com muitos rapazes, sem apegos ou pesos de consciência, passando um olhar positivo ao feminismo – assunto tão em alta nos dias atuais.
Com um convívio e crescimento no meio de escritores, Alice torna-se muito próxima de Milan (Michael Nyqvist), amigo de seu pai. A diferença de idade entre os dois é grande, mas o efeito da câmera igualando o tamanho dos personagens faz com que parte dos espectadores nem se lembre desse “detalhe”.
O drama tem uma fotografia muito boa, explorando tons de escuridão nos momentos mais tristes da vida da personagem principal. O roteiro brinca com o público, partindo do presente para o passado de forma contínua e repentina, mas sempre mantendo o suspense, fazendo ligações e justificando atitudes do momento atual com o trauma vivido em outro período da vida.
É possível notar uma abordagem forte na história, com cenas subentendidas de estupro e pedofilia. Mas é clara a opção por utilizar uma ótica mais sutil, na qual nada é mostrado ou tratado de forma explícita.
Para quem busca uma abordagem crítica de roteiro, vale a pena conferir essa história de suspense, romance e drama.
por Hemylle de Oilveira – especial para A Toupeira