“Loucura é querer resultados diferentes fazendo tudo exatamente igual”. Nas palavras do físico Albert Einstein, é possível explanar o sentimento sobre grande parte dos filmes / séries de terror atuais.
Não dá para esperar por novidades que estremeçam a indústria – cada vez mais estufada pela quantidade ininterrupta e massiva de estreias – quando se usam os mesmos temas que moldam o gênero há décadas.
Exorcismo é um assunto amplamente levado às telas, com resultados dos mais diversos, graças ao assunto capaz de render resultados, no mínimo, interessantes. É o caso de “A Luz do Demônio” (Prey for the Devil), que não deve entrar para a posteridade, mas está longe de ser um desastre completo.
Dirigida por Daniel Stamm, a trama se passa em torno de Irmã Ann (Jacqueline Byers), jovem freira que atua como enfermeira em um Hospital Psiquiátrico mantido pela Igreja Católica, para onde são levadas pessoas que apresentam quadros que podem ser diagnosticados como distúrbios mentais, mas que em alguns casos revelam-se possessões demoníacas.
No local, também funciona uma espécie de Escola de Exorcismo, liderada por Padre Quinn (Colin Salmon, que acrescenta ótimas camadas ao personagem graças à potente entonação vocal), que visa à formação de padres que estarão aptos a praticar o ritual milenar de expulsão de entidades malignas.
A narrativa escrita por Robert Zappia, Todd R. Jones e Earl Richey Jones ganha contornos definitivos com a aparição de uma jovem paciente internada na instituição. Após uma tentativa falha de salvar sua alma – liderada por Padre Dante (Christian Navarro) – Natalie (Posy Taylor) está prestes a ser considerada “terminal” – fase em que ocorre o encaminhamento ao Vaticano, com poucas chances de reversão.
Para ajudar a garotinha, a protagonista desafia as premissas da igreja e assume a inesperada posição de exorcista, em uma atitude vista com maus olhos pela maioria dos que a cercam, uma vez que apenas homens são autorizados a exercer tal função.
Mas, através de tal decisão drástica, muitas coisas serão desvendadas – incluindo fatos de seu passado, que vão da problemática relação com a mãe (primeira vítima de possessão com quem Ann tem contato), a um segredo anterior à entrada no Convento que a acolheu quando tinha apenas 15 anos. Poderia haver um maior aprofundamento dos acontecimentos, mas, no geral, o que é apresentado basta.
Não é difícil imaginar aonde a história levará o espectador, depois de poucos minutos de exibição, mas o que se vê em tela segue interessante, dentro da proposta simples. A cena envolvendo as madeixas de Natalie (apresentada em partes no trailer e no pôster teaser) é bastante incômoda e atinge o intento de deixar o espectador desconfortável – o que se espera de uma obra desse tipo.
Fãs prévios do gênero deverão reconhecer Virginia Madsen, que dá vida à psicóloga Doutora Peters. A atriz deixou seu nome marcado no panteão do terror ao interpretar Helen Lyle, no clássico “O Mistério de Candyman”, de 1992.
Ainda que haja uma acertada conclusão, o final em aberto deixa clara a tentativa de se fazer um novo capítulo futuramente. Se este ganhará a luz, só o público poderá dizer.
por Angela Debellis
*Título assistido em Cabine de Imprensa promovida pela Paris Filmes.