Crítica: “After”

Garota de boa índole – entenda-se beirando o limiar da inocência exagerada – se apaixona por garoto de caráter duvidoso, moldado por problemas prévios na família. Se essa curta sinopse lhe soa familiar, é porque ela de fato assim é.

Baseado no primeiro livro da franquia literária (composta por seis títulos e sete volumes) – que por sua vez tem como origem uma fanfic* da autora Anna Todd, “After” cumpre de maneira honesta o que propõe: adaptar para as telonas uma história já vista incontáveis vezes seja no papel, na TV, no teatro ou no cinema.

A mocinha ingênua da vez atende pelo nome de Tessa Young (Josephine Langford em seu terceiro trabalho, sendo o primeiro no papel principal). Recém-admitida na faculdade, a jovem deixa para trás a pacata / monótona vida que levava com sua mãe Carol (Selma Blair) e seu namorado desde a infância, Noah (Dylan Arnold), para enfrentar as novidades e desafios de morar no campus universitário.

É nesse novo cenário que ela vai conhecer pessoas que muito diferem de seus pensamentos e conduta. Sua colega de quarto, Steph Jones (Khadija Red Thunder) parece um reflexo inverso da jovem ao mostrar-se pouco interessada nos estudos e com uma vida sexual ativa e liberal.

Há os personagens “de sempre”, da garota popular que não hesita em ferir os que a cercam ao “bad boy” desejado pela maioria e que não suporta a ideia de ser rejeitado por ninguém. Esse é Hardin Scott (Hero Fiennes-Tiffin), que assume o papel de outro protagonista da trama que gira basicamente em torno do tão improvável quanto óbvio relacionamento entre o casal formado por ele e Tessa.

Eu não li a obra original, então minha percepção fica limitada apenas ao filme dirigido por Jenny Gage – que também assina o roteiro ao lado de Susan McMartin – , o que pode fazer com que tenha alguma distorção equivocada. A mim ficou a impressão de que muitos detalhes que seriam importantes para a construção da narrativa ficaram de fora, deixando muitas dúvidas sobre as histórias que compõem a identidade de cada personagem.

É claro que nem tudo exposto no papel pode (ou deve) ser transportado para a tela, mas a aparente “corrida” para condensar um livro de 528 páginas em uma produção de 106 minutos me pareceu bem fácil de ser percebida, o que faz com que o resultado talvez seja mais raso do que poderia – o que não significa que vá desagradar o público de leitores que já conhecem esse universo.

*Em termos gerais, a expressão fanfic é a abreviação de fanfiction, que é uma espécie de história ficcional criada por fãs, com base em alguma obra já existente e pela qual nutrem admiração.

por Angela Debellis

*Longa assistido durante Cabine de Imprensa promovida pela Diamond Films.

Filed in: Cinema

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