Algumas histórias sobre crimes reais (e seus respectivos protagonistas) são tão impactantes que atravessam os anos sem perder a relevância. É o caso de Lizzie Borden que, aos 32 anos, foi acusada de matar seu pai Andrew Jackson Borden e sua madrasta Abby Durfee Gray, presumivelmente a golpes de machado.
O duplo assassinato aconteceu em 1892, na cidade americana de Fall River, Massachusetts e, por falta de provas contundentes, Lizzie – mesmo sendo levada a julgamento – conseguiu ser absolvida.
Tal evento já serviu de base para várias produções, incluindo telefilmes e musicais para o teatro. O assunto volta à tona em “Aquele que habita em mim” (The Inhabitant), thriller de 2022 que acaba de chegar ao Brasil através da Plataforma de Streaming Adrenalina Pura.
Dirigido por Jerren Lauder, a partir do roteiro de Kevin Bachar, o longa nos apresenta Tara (Odessa A’zion), jovem de 17 anos que sofre com terríveis pesadelos envolvendo a segurança de sua mãe Emily (Leslie Bibb), seu pai Ben (Dermot Mulroney) e seus irmãos mais novos, Caleb (Jackson Dean Vincent) e Jack (Damien Higo).
O problema teria origem em sua linhagem, uma vez que a garota seria descendente de Lizzie e teria se tornado mais uma vítima de uma suposta maldição que comete as mulheres de sua família – incluindo sua tia materna, Diane (Mary Buss), mantida há 20 anos em um hospital psiquiátrico, após a acusação de ter matado seu filho único, ainda bebê.
Tara passa a duvidar da própria sanidade ao dar-se conta de que mais do que sonhos ruins, algo sinistro está acontecendo ao seu redor, o que inclui o desaparecimento e morte de pessoas próximas com quem mantinha relacionamentos problemáticos.
A narrativa tem pontos a se destacar, que ganham ainda mais força quando a protagonista, junto ao namorado Carl (Michael Cooper Jr), visita a antiga casa de Lizzie – que agora funciona como uma pousada (sim, há pessoas interessadas em se hospedar no local de um crime com tal nível de crueldade).
Outros destaques são a trilha sonora incidental de Sanford Parker e o interesse de Tara por moda vitoriana, representada através de vestidos costurados por ela, que trazem uma proximidade com acontecimentos passados. Também vale dizer que há poucas, mas boas sequências de slasher, que talvez sejam o maior êxito da produção.
Embora haja acertos, ao término de seus 97 minutos de duração, “Aquele que habita em mim” parece ser mais daqueles casos que têm um bom enredo em mãos, mas não sabem exatamente o que fazer com ele.
por Angela Debellis
*Título assistido em Cabine de Imprensa Virtual promovida pelo Adrenalina Pura.