Crítica: “Aqueles que ficaram”

É interessante observar por meio da perspectiva de quem sobreviveu ao extermínio de Judeus durante a Segunda Guerra Mundial, como eles se reergueram ou apenas continuaram a existir após esse período tão tenebroso na história da humanidade.

As pessoas agem como se o fim da guerra fosse o fim dos problemas, é aí que muitos se enganam: além de lidar com a solidão, miséria e xenofobia, a maior parte ainda tem que aprender a sobreviver aos traumas psicológicos.

O longa húngaro “Aqueles que ficaram” (Akik maradtak), dirigido pelo francês Barnabás Tóth, narra a história dos sobreviventes do holocausto, Aldo (Kálory Hajduk) e Klara (Abigél Szoke) em diferentes estágios da vida. A garota de apenas 16 anos se força acreditar que seus pais estão vivos e que são prisioneiros de guerra. Enquanto Aladar (Aldo), voltou a ser médico e é voluntário em um orfanato, leva uma vida solitária e monótona.

O destino deles se cruza quando Olgi (Mari Nagy), tia de Klara resolve levar a garota ao consultório. Após esse breve encontro entre médico e paciente, que aparentemente nada despertou em ambos, um dia a Klara resolve esperar por Aldo após o trabalho dele. Eles passam horas conversando e é a partir deste ponto que percebemos que começa a surgir uma ligação entre os personagens.

Klara é a típica adolescente, rebelde e até um pouco ingrata com a tia que cuida dela e vê em Aldo uma espécie de figura paterna, contudo durante todo o longa há um clima estranho: nunca se sabe exatamente qual é o tipo de sentimento eles nutrem um pelo outro, tanto que em diversos momentos a relação entre eles é questionada por figuras secundárias.

Há uma aura apática sobre todos os personagens – Tóth conseguiu criar uma atmosfera fria, logicamente que o trabalho com a fotografia e figurino colaborou para tal experiência. O som tão limpo faz com que o bater dos garfos, as borbulhas da água fervendo, o mastigar, os passos, o respirar sejam parte primordial para imersão na narrativa.

Em meio às tensões do pós-guerra, crise política, econômica e social, dentre desavenças e incertezas, Aldo e Klara – na tentativa de reconstruir suas histórias – são o que chamamos hoje de novo “modelo” de família. Vale conferir.

por Carla Mendes – especial para A Toupeira

https://www.youtube.com/watch?v=jNbOXlGfsKU

Filed in: Cinema

You might like:

“Esperança”, a primeira autobiografia de um papa “Esperança”, a primeira autobiografia de um papa
FLIX Channel lança ‘Promoção Melhor Roteiro Internacional’ e sorteia viagens  para Orlando FLIX Channel lança ‘Promoção Melhor Roteiro Internacional’ e sorteia viagens para Orlando
Brasileiros da Team Liquid estreiam com vitória no mundial de Rainbow Six Siege Brasileiros da Team Liquid estreiam com vitória no mundial de Rainbow Six Siege
“Premonição 6: Laços de Sangue” ganha teaser trailer e pôster oficial “Premonição 6: Laços de Sangue” ganha teaser trailer e pôster oficial
© AToupeira. All rights reserved. XHTML / CSS Valid.
Proudly designed by Theme Junkie.