Crítica: Bridget Jones: Louca pelo Garoto”

Em recente depoimento, Renée Zellweger afirmou que, assistir a seu novo trabalho, “Bridget Jones: Louca pelo Garoto” (Bridget Jones: Mad About the Boy), seria como reencontrar uma amiga. Tal declaração faz um resumo delicado e sincero do que vemos em tela.

Baseado no livro homônimo de 2013, terceiro capítulo da saga literária da autora Helen Fielding (responsável pelo roteiro, junto a Dan Mazer e Abi Morgan), o longa nos leva conduz, mais uma vez, à rotina de Bridget Jones (sempre adoravelmente interpretada por Renée Zellweger).

Agora uma mulher de quarenta e cinco anos (seis a menos do que tem nas páginas), ela se vê às voltas da solitária criação de dois filhos – o primogênito Billy (Casper Knopf) e a caçula Mabel (Mila Jankovic) – após a perda de seu marido Mark Darcy (Colin Firth, em participação especial) há quatro anos, durante uma missão humanitária da qual o carismático advogado de direitos humanos participava no Sudão.

Relutante quando o assunto é encontrar um novo amor, a protagonista se rende aos conselhos de amigos e adentra o mundo de aplicativos de namoro – quando sua amiga Miranda (Sarah Solemani) cria um perfil em seu nome no Tinder. É o início da história com Roxster (Leo Woodall), estudante de Bioquímica de 29 anos, com quem tem o primeiro contato em uma das sequências mais divertidas (vista parcialmente no trailer oficial), passada no parque onde o personagem trabalha como guarda florestal.

Ao mesmo tempo em que lida com as consequências (boas ou nem tanto) dessa inesperada relação, ela também volta a exercer seu antigo cargo de produtora de televisão. Tudo, enquanto tenta ser uma mãe amorosa e presente – mesmo que para isso, precise contar com os préstimos de Chloe (Nico Parker), babá cujos inúmeros atributos rendem questionamentos tão válidos quanto cômicos de Bridget.

O mais interessante é a facilidade com que o texto transita pelos mais diferentes tópicos, de maneira simultânea: a retomada da vida amorosa / profissional de Bridget e a obrigação de manter-se atenta às necessidades das crianças – assuntos que ganham ainda mais força com a introdução de uma figura inédita: o professor de ciência de Billy, Sr. Wallaker (Chiwetel Ejiofor), que terá uma importância gradativa, conforme a narrativa avança.

Também é nítida a sabedoria em manter laços de amizade duradouros – incluindo Daniel Cleaver (Hugh Grant), cuja passagem dos anos não foi capaz de ofuscar a presença magnética (e espirituosa). Prova de que alguns relacionamentos conseguem modificar e, ainda assim, manterem-se relevantes.

“Bridget Jones: Louca pelo Garoto” é daquele tipo de produção que, de tão simples, torna-se naturalmente profunda, por lidar com temas que soarão familiares à maioria dos espectadores: a dura progressão do processo de luto, as dúvidas sobre nossas capacidades, o medo do desconhecido e das consequências trazidas pelo inevitável envelhecimento. Assuntos com os quais (mesmo que tentemos evitar a todo custo) acabaremos lidando em algum momento.

Para aqueles que (assim como eu) ficam satisfeitos quando uma adaptação cinematográfica consegue transpor à tela – o mais fielmente possível – o conteúdo da obra literária que lhe serviu de base, a notícia é que há muitas mudanças no longa dirigido por Michael Morris, sendo a maioria causada pelo fato da história ter sido adaptada para os dias atuais – quando no livro, os fatos se passam em 2013. Mas, isso não chega a comprometer o resultado.

Destaque ainda para uma comovente cena envolvendo balões a fim de marcar uma data especial. E para a trilha sonora, composta por faixas como “Modern Love”, de David Bowie; a versão de The Hanseroth Twins para “A Little Respect”; e, é claro, “Mad About the Boy”, de Dinah Washington.

Vale conferir.

por Angela Debellis

*Título assistido em Cabine de Imprensa promovida pela Universal Pictures.

Filed in: Cinema

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