Crítica: “Bumblebee”

Em maio de 1985, a Estrela Brinquedos lançou a linha Transformers no Brasil. Dois desses carrinhos – incluindo um Bumblebee – me foram dados por meu pai e se tornaram xodós, até hoje, em minha vasta coleção de brinquedos.

O pequeno fusca amarelo, que conquistou meu coração há 33 anos, foi visto em desenhos animados e adaptações cinematográficas (estas, sob a direção de Michael Bay) e agora, alcança seu lugar mais do que merecido de protagonista, com a chegada de “Bumblebee” às telonas.

O trama do longa dirigido por Travis Knight (dessa vez, com Michael Bay como um dos produtores) se passa nos anos de 1980 e esse é só o primeiro dos muitos acertos da produção. Charlie Watson (Haille Stenfeld) é uma jovem de recém-completados 18 anos, que se vê de alguma forma deslocada do mundo desde o falecimento de seu pai – ainda que sua mãe Sally (Pamela Adlon) pareça bastante disposta a inseri-la nas atividades rotineiras da família, agora composta também por seu irmão mais novo Otis (Jason Druker) e seu padrasto Ron (Stephen Schneider).

O encontro com o Autobot acontece de maneira inesperada e mostra ser o promissor início de uma grande amizade. Diferentemente do que poderia ser a reação da maioria das pessoas, Charlie não teme a suntuosa figura do personagem em sua forma de robô, inclusive tomando para si a missão de protegê-lo de quem poderia lhe fazer mal – entendam-se membros do exército americano – grupo encabeçado por Agente Burns (John Cena), no papel que mais lembra os bons e velhos filmes de ação oitentistas.

É claro que há batalhas colossais entre Autobots e Decepticons – a sequência inicial passada em Cybertron é de encher os olhos e consegue explicar de maneira competente o motivo da vinda do soldado B-127 (que mais tarde ganharia o nome de Bumblebee por fazer um barulho semelhante ao dessa abelha) à Terra. A guerra iniciada no longínquo planeta pode ter ramificações por aqui caso os vilões descubram o paradeiro do protagonista.

Mas, ainda que as transformações robóticas (que incluem, pela primeira vez, a aparição de Triple Changers – robôs que podem se transformar em dois veículos diferentes) sejam incríveis, o filme ganha a simpatia do público por sua história simples, direta e eficiente. Para os saudosistas, rever nos cinemas a aura quase mítica que envolve os anos de 1980 é um sempre bem-vindo retorno à marcante época. Para os espectadores mais recentes, é a oportunidade de ver como as produções conseguiam se equilibrar entre o plausível e o fantástico com facilidade.

Para recriar a época com ainda mais perfeição, vale destacar a cenografia, o figurino e a excelente trilha sonora, que conta com nomes como A-ha (onipresente em todos os longas atuais cujo roteiro se passa na aclamada década), The Smiths e Simple Minds – cuja execução da faixa é responsável por um dos momentos mais adoráveis do longa. Sem contar o nada explícito e muito fofo início de relação entre Charlie e Memo (Jorge Lendeborg Jr.).

Como fã do personagem, seja em seu formato de brinquedo, animação ou filmes prévios, saí feliz da sala e com a sensação de que esse pode ser um magnífico recomeço (ou seria um novo caminho?) para os queridos carros/robôs se firmarem ainda mais no cinema.

Imperdível.

por Angela Debellis

Filed in: Cinema

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