Crítica: “Deadpool & Wolverine”

Minha relação com o Mercenário Tagarela da Marvel e com o melhor integrante da equipe do Professor Charles Xavier é completamente distinta. Enquanto eu entrei na sala de cinema em 2016, para ver “Deadpool”, sem saber quase nada sobre ele (inclusive, demorando para entendê-lo), quando assisti a “Logan” em 2017, Wolverine já tinha sido até mesmo tema de minha monografia de Pós-Graduação.

Constatar que dois personagens tão inversos poderiam se completar foi uma grande surpresa para mim. Mas, achei que a perspectiva de êxito fica bem clara desde os primeiros materiais promocionais / trailers de “Deapool & Wolverine” (Deadpool & Wolverine).

Ainda que não acredite que os opostos se atraem (mesmo com as leis da física dizendo o contrário), a verdade é que a disparidade dos protagonistas – além das ótimas interpretações – é uma dos maiores responsáveis pela excelência do que se vê em tela.

A trama se passa seis anos após os eventos de “Deadpool 2” e mostra uma grande reviravolta na vida de Wade Wilson (Ryan Reynolds, mais confortável do que nunca no papel), que deixa seus dias de anti-herói para trás, em busca de uma vida comum / entediante como vendedor de carros usados. O que parece não ter sido o bastante para manter o relacionamento com Vanessa (Morena Baccarin).

Tal rotina apática muda, quando, durante a celebração de seu aniversário, o protagonista recebe a visita de integrantes da AVT (Autoridade de Variância Temporal) – organização apresentada na série “Loki”, que o recruta como um de seus novos colaboradores.

À frente das negociações, está o misterioso Mr. Paradox (Matthew Macfadyen), uma espécie de condutor de Wade a esse novo mundo, “pós 20th Century Fox”. Contudo, ser o “Jesus da Marvel” não é tão simples assim e, para aceitar a inesperada proposta de se juntar à Disney, complicadas decisões deverão ser tomadas.

É aí, com muita quebra da quarta parede e inserção de várias informações que dizem respeito a fatos reais, que começa a busca pela outra figura principal do longa – Wolverine (Hugh Jackman, mais uma vez mostrando porque sempre foi / é / será “o cara certo”) –  com direito às mais incríveis variantes – este é um dos pontos mais interessantes para quem acompanha os quadrinhos.

Dupla formada, caberá a eles enfrentarem a vilã da vez, que atende pelo nome de Cassandra Nova (Emma Corrin). Com algumas alterações em sua origem, a personagem segue como uma figura bastante carismática no que diz respeito a antagonistas da Marvel, com poderes que a mantém em uma posição de destaque – mesmo diante das limitações a ela impostas.

Como já é de praxe, referências não faltam ao roteiro de Ryan Reynolds, Rhett Reese, Paul Wernick, Zeb Wells e Shawn Levy (este, também à frente da direção). E os conteúdos fazem menção não só a quadrinhos de herói, mas a diversas outras áreas da cultura pop – o que torna possível, tanto a espectadores experientes, quanto iniciantes – encontrar sutilezas que culminarão em divertidas associações.

Particularmente, eu não me importo com spoilers (até busco por eles), mas essa foi uma das pouquíssimas vezes em que fiquei feliz por entrar chegar à Cabine de Imprensa sem saber de nada, além do que foi mostrado em vídeos oficiais. Confirmar que haverá participações especiais é o que basta para incitar a atenção e a vontade de receber cada surpresa que a produção conseguiu guardar até a estreia. E acredite: há muita coisa a ser descoberta!

O que pode (e deve) ser exaltado é o impressionante resultado final. Existe uma nítida preocupação em se entregar algo que leve os fãs a sentirem satisfação em assistir, que renda conversas posteriores, comentários positivos, que desperte a vontade de ser revisto enquanto segue em cartaz no cinema.

Isso pode ser verificado, por exemplo, em detalhes precisos que se juntam para criar uma das melhores sequências de abertura já feitas para o gênero; na escolha da adorável Peggy – eleita a cachorrinha mais feia do Reino Unido – para dar vida à Mary Puppins / Dogpool; na seleção da trilha sonora – uma das melhores do ano, até aqui – que traz de Madonna a ‘N Sync e se torna um personagem à parte ao acrescentar tanta qualidade às cenas (das formas mais inusitadas que se pode imaginar); na definição dos nomes que deixariam de ser especulações de Internet, para se tornarem inserções verdadeiras na obra.

Depois de uma campanha de marketing impecável, que, certamente, aumentou a expectativa do público, “Deapool & Wolverine” chega para mostrar que, ao contrário da opinião bastante disseminada pelas redes sociais, o gênero de filmes de heróis é tão forte quanto o Adamantium. Com uma capacidade ímpar de regeneração, ainda há muito a se oferecer.

Imperdível.

por Angela Debellis

*Título assistido em cabine de Imprensa promovida pela Walt Disney Studios Br.

Filed in: Cinema

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