Crítica: “Filhos da Tempestade”

Um bom filme do gênero drama cumpre a missão de emocionar o espectador. Em “Filhos da Tempestade” (Children of the Storm), essa premissa é alcançada.

Dirigido por Matthys Boshoff (que também é responsável pelo roteiro ao lado de Brett Michael Innes), o longa sul-africano é uma das estreias da semana da plataforma Cinema Virtual. A narrativa tem logo no início um trágico enterro – não sabemos quem, como ou onde, vemos apenas um homem solitário enterrando um corpo.

Posteriormente descobrimos que o homem é Herman (Stian Bam), pai de Rachel (Zonika de Vries) e Jamie (Johannes Jordaan) – de doze e cinco anos, respectivamente – e o corpo que ele enterrara era o de sua esposa, que ao decorrer da obra se torna uma figura um pouco imaginária.

A verdade é que Rachel tem poucas lembranças da mãe e sente que com o tempo essas memórias vão se esvaindo: ela não consegue mais se lembrar do rosto de sua genitora, mas guarda consigo os preciosos ensinamentos sobre plantas que a mãe lhe instruiu quando Rachel ainda era uma criança e tenta passá-los ao seu irmão que era apenas um bebê quando a mãe os deixou.

A narrativa se passa no século 18. Herman, Rachel e Jamie entram em uma jornada em busca de um local para trabalharem com mineração, mas o percurso é extenso e dificultoso. Ao se depararem com uma fazenda no meio do nada, a hospitalidade com que são acolhidos os faz parar por um tempo, enquanto esperam por uma nevasca.

Contudo, a amargura de Herman coloca os filhos em apuros e faz com que Rachel saia em busca de Jamie em meio a uma grande tempestade de neve.

No longa, a morte da mãe das crianças é um mistério, afinal o pai se recusa a falar do assunto e não permite que os filhos falem. Uma das melhores cenas é a em que Rachel e Jamie resolvem celebrar a mãe e o pai os encontra revelando, nada gentilmente, a razão da morte da esposa.

Outro detalhe é que a figura da mulher se torna algo meio mítico, ela aparece em alguns momentos pedindo para que Rachel se lembre dela, é como se ela estivesse antecedendo acontecimentos marcantes na vida da família – não se sabe até que ponto as visões da garota são reais ou frutos da imaginação.

O longa tem poucos personagens, porém a maioria deles carrega uma história cheia de emoção, como Senhorita Sara (Antoinette Louw) que abandona sua vida para ir morar na fazenda e cuidar da mãe, assim como Herman e a falta de tato para lidar com seus próprios demônio. Mas ficamos ligados mesmo à pequena Rachel e sua luta para se lembrar da mãe e tentar entender os motivos pelos quais ela se foi.

“Filhos da Tempestade” acumula oito premiações e dez indicações em festivais internacionais, e não é de se espantar, afinal, possui um roteiro cativante com todos os pontos fechadinhos, um elenco competente que entrega toda emoção exigida pelo roteiro, sem falar nas paisagens estonteantes.

Ah! Vale lembrar que quando achamos que o filme poderia ir por caminhos da felicidade: BUM!!! Não passa de uma breve ilusão. “Filhos da Tempestade” tem um potencial enorme para agradar os amantes do gênero.

por Carla Mendes – especial para A Toupeira

*Título assistido via streaming, a convite da Elite Filmes

Filed in: BD, DVD, Digital

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