Após um excelente retorno em 2018, com “Halloween”, era questão de tempo até ser anunciada uma sequência. A boa notícia é que essa confirmação veio em dose dupla, com a definição de outras duas obras protagonizadas por um dos mais aclamados personagens do gênero terror.
Dirigido por David Gordon Green (que escreve o roteiro junto a Danny McBride e Scott Teems), “Halloween Kills: O Terror Continua” (Halloween Kills) teve sua estreia adiada em um ano, devido a um horror que nem mesmo os mais elaborados roteiros cinematográficos poderiam prever: a pandemia de Covid-19. O retorno de Michael Myers (James Judy Courtney / Nick Castle) finalmente acontece, a partir de hoje, 14 de outubro de 2021.
Nesta, que é a segunda parte da trilogia inédita, a trama se passa imediatamente após o final do filme anterior, e conta com o muito bem executado acréscimo de (não tão novos) personagens: Tommy (Anthony Michael Hall) e Lindsey (Kyle Richards) – as crianças que estavam sob os cuidados de Laurie (Jamie Lee Curtis) no longa original de 1978; enfermeira Marion (Nancy Stephens) – sobrevivente de um dos ataques do serial killer; Loonie (Robert Longstreet) – cuja vida também foi poupada quando ainda era um garoto, e xerife Leigh Brackett (Charles Cyphers).
Quatro décadas depois dos eventos que deram início à franquia criada por John Carpenter e Debra Hill, assim como Laurie, todos reconhecem a dificuldade em seguir adiante, ignorando o que passaram. Por isso, anualmente, reúnem-se a fim de celebrar a vida – ainda que tais encontros signifiquem rememorar os maus momentos enfrentados por eles. Estranho, mas compreensível.
Conforme já mostrado no primeiro trailer, a armadilha letal de Laurie não funciona como o esperado e Michael consegue escapar quase ileso do incêndio. Se no longa de 2018, ele já parecia mais brutal do que nunca, dessa vez o que se pode esperar é um nível de paciência nulo e totalmente inverso ao grau da maldade que move os atos do personagem.
É nítida a competência da produção ao optar por dar foco em mais figuras, sem tirar a óbvia importância de Laurie que, embora tenha participação ativa, não está em sua melhor forma para enfrentar o perigo como de costume. Mas a família Strode continua bem representada na linha de frente, por sua filha Karen (Judy Greer) e sua neta Allyson (Andi Matichack).
Foram necessários muitos anos / filmes, para que víssemos uma revolta em massa dos moradores de Haddonfield contra aquele que é seu maior algoz. Tal manifestação é mostrada em tela de maneira incisiva e, embora pareça justa à primeira vista, também faz refletir sobre os riscos de se incitar uma multidão que transita entre enfurecida e apavorada, com informações que nem sempre são verídicas.
Quanto à matança, que é um dos pilares da franquia, a “boa” notícia é que Michael Myers segue impassível em sua sangrenta caminhada e mais eficiente (entenda-se feroz) do que nunca, o que dá à afirmação “quanto mais ele mata, mais forte fica”, um completo sentido.
Ao inserir novidades que colocam a trilogia mais próxima de produções modernas, sem deixar de admitir a importância de elementos clássicos – como inúmeros flasbacks que servem como ligação para chegar aos acontecimentos atuais, além da manutenção do estilo dos créditos iniciais, com uma perfeita execução do tema musical (que continua capaz de arrepiar, desde sua primeira nota) – o que se entrega ao espectador é uma experiência única e surpreendente.
Sendo “Halloween Kills: O Terror Continua” apenas o “episódio do meio”, ao término da exibição, muitos acontecimentos permanecem sem respostas e o final é em aberto. Mas, o novo – e até aqui, derradeiro – encontro com o mais famoso habitante de Haddonfield já tem data marcada para acontecer: em 13 de outubro de 2022, estreia “Halloween Ends”.
Imperdível.
por Angela Debellis
*Título assistido em Cabine de Imprensa promovida pela Universal Pictures.