Em 1993, as portas de um inusitado parque temático foram abertas. Através das telas de cinemas, milhares de pessoas conheceram “Jurassic Park – Parque dos Dinossauros”, que mostrava de maneira verossímil, um local cujas principais atrações eram nada menos do que dinossauros recriados geneticamente.
22 anos, duas continuações e incontáveis avanços tecnológicos depois, “Jurassic World: O Mundo dos Dinossauros”, sob a direção de Colin Tevorrow e produção de Steven Spielberg, expande – e muito – esse universo.
O cenário permanece o mesmo, a icônica Ilha Nublar, idealizada pelo Dr. John Hammond (Richard Attenborough). Agora seu proprietário é o empresário indiano Simon Masrani (Irrfan Khan), que parece bastante disposto a gastar milhões de dólares para manter o local em funcionamento, cuja administração geral fica a cargo de Claire Dearing (Bryce Dallas Howard, com figurino branco e sapatos de salto que resistem praticamente incólumes a todo tipo de perseguição e terrenos pantanosos).
A justificativa para toda a ação do filme é simples: após 10 anos de funcionamento e um público diário de mais de 20 mil, os visitantes querem cada vez mais novidades (como diz um personagem, agora as pessoas olham para um estegossauro como se fosse para um elefante). Para atender a esse desejo, ética e bom senso são deixados de lado e os cientistas não só reproduzem espécies conhecidas, como também criam novas. É fácil prever que isso não pode render bons frutos, mas aparentemente ninguém se importa com esse fato.
Tal insensatez científica atende pelo nome de Indominus Rex, uma fêmea híbrida, criada a partir da junção de DNA das mais variadas espécies e capaz de coisas que devem surpreender boa parte da plateia.
A fuga deste dinossauro de seu cativeiro faz com que a tela seja invadida por perseguições e lutas incríveis. A interação entre os animais e os humanos nunca esteve tão próxima da realidade e é fácil “comprar a ideia” de ficar cara a cara com um Tiranossauro Rex (sim, ele também está no filme!) ou acreditar na possibilidade de se adestrar os nem sempre adoráveis Velociraptors – missão dada a Owen Grady (interpretado por Chris Pratt, bastante confortável no papel).
Se há grandes novidades – literalmente – do lado dos animais, o elenco humano se parece bastante com o do filme de estreia da franquia, com direito até a duas crianças perdidas no meio da confusão, sendo o garoto mais novo um expert em espécies de dinossauros. Isso pode ser visto sob perspectivas opostas: ou considera-se uma homenagem à produção original, ou uma visível falta de criatividade.
Os destaques ficam para a inquestionável qualidade visual do longa. As criaturas criadas com tecnologia de ponta são convincentes e cumprem com mestria seu papel – seja encantar, assustar ou impressionar o público. Pena que tanta riqueza de detalhes não foi tão bem aproveitada pelo recurso 3D. A trilha sonora assinada por Michael Giacchino surge como uma linda e bem executada homenagem à composta pelo sempre competente John Williams.
O final em aberto deixa clara a expectativa de se levar adiante uma nova franquia. A torcida é para que seja uma bem sucedida era jurássica!
por Angela Debellis