A expectativa em torno de “Não se Preocupe, Querida” (Don’t worry, Darling) era alta. E quando digo alta, realmente o suspense, a falta de informação e as últimas notícias de bastidores (incluindo animosidades entre atores) fizeram com que a espera pelo enredo fosse grande o bastante para que, qualquer coisa menor fosse vista com maus olhos.
E não é de se estranhar, afinal, o filme é protagonizado por Florence Pugh, Harry Styles, Olivia Wilde e Chris Pine, ou seja, um elenco de peso. Mas, será que bastaria uma lista desse calibre para entregar um bom resultado? Spoiler, não foi possível.
O longa narra a história (cuja cenografia remete aos anos de 1950) de uma dona de casa chamada Alice Chambers, interpretada pela atriz Florence Pugh, que vive em uma comunidade experimental – criada por Frank (Chris Pine). Alice começa a suspeitar que a empresa de seu marido (vivido por Harry Styles), está escondendo segredos perturbadores, o que a leva a fazer descobertas chocantes.
O início do filme serve para introduzir, é claro, o funcionamento do local acima de qualquer suspeita e a relação do casal de protagonistas. Olivia Wilde, que também assume a função de diretora do filme, parece ter colocado em xeque a capacidade dos atores e atrizes de interagir entre si, sem demonstrar algum sentimento convincente ou veracidade na tela.
A química entre Harry Styles e Florence Pugh não funciona como esperado e mesmo as tão polêmicas e comentadas cenas de sexo não entregam um prazer “verdadeiro” (ou algo minimamente semelhante).
Além disto, a história em torno de uma comunidade teoricamente perfeita, com ciclos de renovação social – onde cada um tem uma função muito específica, num estilo de pirâmide -não oferece nenhum frescor de novidade: o conteúdo parece ter uma influência (proposital ou não) de títulos com o estilo do diretor Jordan Peele.
No fim, “Não se preocupe, Querida”, que aparentemente tinha tudo para apresentar uma premissa envolvente, curiosa, com atuações de peso, entrega um roteiro (escrito por Katie Silberman) mediano e previsível, que deve deixar parte dos espectadores com a sensação incômoda de já ter visto essa história em algum lugar anteriormente.
por Artur Francisco – especial para A Toupeira
*Título assistido em Cabine de Imprensa promovida pela Warner Bros. Pictures.