Crítica: “O Bom Gigante Amigo”

Talvez o segredo mais simples para se gostar de uma fábula resida no fato de que para aproveitá-la em sua mais completa essência, basta abrir nossos corações. E é assim que a adaptação cinematográfica de “O Bom Gigante Amigo” (The BFG) merece ser celebrada.

A encantadora história escrita por Roald Dahl no livro homônimo de 1982 ganha vida nas telonas com o que há de melhor em efeitos especiais e sob a primorosa direção de Steven Spielberg.

A trama se passa em Londres, nos anos de 1960 e tem como protagonista a pequena Sophie (Ruby Barnhill, muito à vontade no papel), que mora em um orfanato, onde se sente ainda mais abandonada. Em uma de suas recorrentes crises de insônia, a garotinha vê a surpreendente silhueta de alguém que mudaria sua vida para sempre.

O tal gigante do título (voz de Mark Rylance) é uma criatura de “apenas” 7 metros de altura, que tem um inusitado e importante trabalho: capturar sonhos – no sentido mais literal possível. Numa de suas buscas noturnas, ele é visto por Sophie e decide que, para não correr o risco de ser delatado por ela, deve levá-la consigo para a distante e desconhecida Terra dos Gigantes, onde vive com vários membros de espécie, bem maiores e menos amistosos do que ele.

O que pode parecer assustador no início – ser “sequestrada” por uma imensa e improvável criatura – mostra-se a maior aventura da vida da garota, que ao ser acolhida na casa de BGA (como passa a chamá-lo) e protegida da maldade dos outros gigantes que não hesitariam em transformá-la em refeição, passa a enxergar no novo amigo toda a bondade e zelo que lhes foram negados enquanto vivia, sem nenhuma perspectiva, sob o teto do orfanato.

Esta amizade fará toda a diferença e será o alicerce para a mudança de vida da dupla, que contará com a ajuda da Rainha Vitória, que em uma das sequências mais inesperadas do longa, os recebe em seu castelo na Inglaterra, a fim de arquitetarem um plano para evitar o desaparecimento de mais crianças (que estavam sendo levadas pelos tais gigantes “bons de garfo”).

Destaque para a Lagoa da Captura dos Sonhos, cujo visual é absolutamente deslumbrante na tela. Tudo funciona de maneira tão fluida, delicada, que se torna fácil entender a vontade que invade os corações dos espectadores mais sensíveis, de que esse mundo fantástico fosse palpável, ainda que por apenas alguns instantes.

Para completar a bem sucedida missão de apresentar a narrativa dessa amizade tão especial, John Williams é o responsável pela trilha sonora e isso, como sempre, dispensa maiores comentários.

Não importa sua idade. Enquanto sua criança interior for capaz de se emocionar e torcer por personagens fantásticos, sempre valerá a pena conferir produções desse tipo.

por Angela Debellis

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