Embora nove anos já tenham se passado desde o lançamento de “O Contador”, a verdade é que o filme nunca esteve na minha lista de desejos para assistir em algum momento. O que só acabou acontecendo às vésperas de conferir sua continuação, “O Contador 2” (The Accountant 2) que acaba de chegar aos cinemas.
Para minha imensa surpresa, uma vez que esperava algo no mínimo, monótono (a partir de um julgamento errôneo de seu título), ambas as produções apresentam boas histórias e conseguem o feito de prender a atenção dos espectadores, devido a reviravoltas eficazes e ótimas cenas de ação.
Gavin O’Connor segue à frente da direção e apresenta uma trama – passada em Los Angeles / Califórnia – mais ampla do que a anterior, que se desenvolve a partir do assassinato do “quase aposentado” Diretor de Crimes Financeiros do Departamento do Tesouro, Raymond King (J. K. Simmons).
Tentando descobrir o responsável pelo crime e concluir uma última investigação deixada em aberto pelo colega de trabalho, a atual Diretora Adjunta, Marybeth Medina (Cynthia Addai-Robinson), busca a oportuna ajuda de Christian Wolff (Ben Affleck).
Uma vez assumida a responsabilidade, é sabido que uma das características mais marcantes do protagonista é só parar quando a missão estiver concluída. Para isso, vai trabalhar ao lado de seu irmão caçula, Braxton (Jon Bernthal).
A dupla descobrirá um esquema repleto de camadas sórdidas. Não só um processo de lavagem de dinheiro como que pautava o primeiro capítulo, mas graves ações envolvendo uma rede de assassinos – incluindo a misteriosa e letal Anaïs (Daniela Pineda) – que não se furtarão de cometer outros delitos, se for para fugir das garras da lei.
Com os objetivos estabelecidos, Christian e Braxton vão a campo mostrar que certas habilidades podem ser aprimoradas com o passar dos anos e a vasta experiência. O que significa que as várias sequências de combate corpo a corpo são um dos pontos altos do longa roteirizado por Bill Dubuque.
Com maior tempo juntos em tela, Ben Affleck e Jon Bernthal parecem completamente confortáveis em seus papéis, convencendo tanto nos momentos tensos, quanto nos cômicos. O nem sempre fácil relacionamento entre irmãos é bem representado e, mesmo que os protagonistas não sejam exatamente “heróis”, é fácil torcer por eles, apesar de tudo.
Outro fator a se exaltar é o respeito com que a obra – assim como já visto antes – trata a pauta do Transtorno do Espectro Autista. O retorno da inteligentíssima Justine (Allison Robertson), fundamental para a execução física do serviço de Christian (também uma pessoa autista de alto funcionamento), é a prova disso.
Mesmo realizado com um intervalo maior do que o normalmente indicado para atrair o interesse do público, “O Contador 2” – que será mais bem apreciado se o longa de 2016 tiver sido assistido – é um sucessor que merece respeito por conseguir manter seu material relevante e com boas chances de, quem sabe, transformar seu conteúdo em uma notável franquia.
por Angela Debellis
*Título assistido em Cabine de Imprensa promovida pela Warner Bros Pictures.
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