Em 2016, “O Homem nas Trevas” tornou-se uma das grandes surpresas do ano, por várias razões, mas, principalmente, por ter como protagonista alguém cujas ações extremistas poderiam não ser vistas com bons olhos por todos (mas que, em sua maioria, não deveriam parecer tão injustificadas assim).
Cinco anos depois, Norman Nordstrom (Stephen Lang, reprisando sua atuação brilhante) está de volta em “O Homem nas Trevas 2” (Don’t Breathe 2), uma sequência que embora não fosse exatamente necessária – já que o longa anterior se sustenta sozinho – é muito bem-vinda e ótima opção para quem busca por surpresas e cenas sem nenhum pudor em ser violentas.
Se a trama escrita por Fede Alvarez e Rodo Sayagues (este, também à frente da direção) perde em originalidade, uma vez que já temos ciência do quanto o personagem é competente e perigoso – sobrepondo-se, e muito, à sua deficiência visual – ela ganha na capacidade de se reinventar.
A letalidade de Norman é posta à prova quando sua casa é invadida por criminosos que planejam sequestrar sua filha, Phoenix (Madelyn Grace). A tentativa de impedir que a garota seja levada de sua residência rende momentos tensos em situações levadas ao limite em ambientes claustrofóbicos e com um trabalho de fotografia exemplar.
A jovem, que é uma das novas figuras apresentadas na produção, vive uma vida pacata (até demais) com Norman, com quem aprende o que há de melhor no que diz respeito à defesa pessoal. Mas, o excesso de cuidado com o qual é cuidada – nem mesmo uma escola regular ela frequenta – esconde mais do que apenas a preocupação de um pai zeloso.
Quando tais segredos vêm à tona, muitas perguntas (da menina e dos espectadores) são respondidas, mas, outras surgem de imediato para dar o tom perfeito ao suspense que consegue manter-se interessante e muito surpreendente até o fim.
Sem correr o risco de dar nenhum spoiler – o que diminuiria os “choques” que a narrativa entrega em seus melhores momentos, vale dizer que nesta continuação (por assim dizer, embora não tenha nada a ver com a história do primeiro filme) tudo é apresentado de modo bem mais explícito, com nítidos flertes com os gêneros slasher e gore. O que significa que alguns elementos gráficos, embora muito bem utilizados, podem causar certo desconforto.
Depois de dois títulos em conta, parece fácil tachar Norman Nordstrom como um anti-herói (vilão?). Mas, ao se colocar nossa exigida / esperada / socialmente aceitável moralidade em xeque, também será possível perceber que o cinza que margeia determinadas ações do personagem tem muito mais nuances do que se pode enxergar à primeira vista, e é isso que o torna uma figura tão impactante sob qualquer perspectiva pela qual seja observado.
Observação: Há uma (curtíssima) cena quase no final dos créditos.
por Angela Debellis
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*Título assistido via streaming, a convite da Sony Pictures Entertaiment.
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