Crítica: “Oferenda ao Demônio”

É muito bom quando um filme – seja do gênero que for – já começa entregando ao espectador uma sequência interessante o suficiente para despertar a vontade de saber mais sobre a história. Esse é o caso de “Oferenda ao Demônio” (Offering).

Dirigido por Oliver Park, o longa que se passa no bairro do Brooklyn, em Nova York, se inicia com uma espécie de ritual sobrenatural praticado pelo rabino Yosille Fishbern (Anton Trendafilov), que busca uma forma de se comunicar com sua esposa Aida (Meglena Karalambova), falecida há alguns meses. Não precisa de muito para imaginar que tal intento não renderá os frutos esperados.

A morte do estudioso dará início à real problemática da produção. Seu corpo é levado à funerária de Saul (Allan Corduner), especializada em cuidar de judeus, onde terá profanado um misterioso amuleto, no qual havia prendido um antigo demônio, o que servirá como ponto de partida para o que será visto em tela. Cabe salientar as ótimas explicações do personagem Chayim (Daniel Ben Zenou) que ajudam a situar o público em relação à entidade e o perigo que oferece.

O ser das trevas em questão é Abyzou (Boyan Anev), demônio feminino conhecido através de mitos e folclores do Oriente Médio e Europa pela alcunha de “Apanhadora de Crianças”. A criatura é um dos destaques mais positivos, já que os efeitos especiais para criá-la são, dentro do possível, surpreendentemente bem executados.

Junto à trama principal, acontece outra mais focada no mundo em que vivemos, com o temor maior se dando pela ganância e falta de bom senso das pessoas: Arthur (Nick Blood) é um jovem corretor de imóveis que passa por um período ruim no trabalho, o que culmina na iminente possibilidade de perder a casa em que vive com a esposa Claire (Emily Wiseman), que está grávida do primeiro filho do casal.

Para honrar com as dívidas, Arthur visita o pai, Saul, a fim de fazer as pazes (após divergências sobre religião) e conseguir sua assinatura em um documento que coloca a casa em que passou sua infância e parte da juventude – e onde também funciona a funerária / necrotério – à disposição do Banco.

Tal plano acaba sendo descoberto por Heimish (Paul Kaye), amigo e funcionário da família, que condena as intenções do rapaz – que parece não se preocupar com o futuro do pai – e terá um papel importante nos eventos centrais da narrativa.

Com problemas familiares como pano de fundo, “Oferenda ao Demônio” demora para ganhar o ritmo esperado de um título de terror. O roteiro de Hank Hoffman parece querer tratar de mais assuntos do que deveria, o que faz com que parte da história seja menos cativante do que poderia ser, de fato.

Por outro lado, as cenas que envolvem o desaparecimento da garotinha Sarah Scheindal (Sofia Weldon) – que faz parte da comunidade judaica local – e a ação de Abyzou – que almeja tomar para si o bebê de Arthur e Claire – são as mais eficazes. Alguns jump scares são previsíveis (pensando bem, quais não são?), mas, no geral, é possível manter-se tenso com o que está por vir.

Os momentos finais da obra conseguem recuperar o fôlego perdido em meados da exibição e resulta em um ápice que, se não soa como completamente original, consegue fugir do óbvio através de bons argumentos visuais e textuais.

por Angela Debellis

*Título assistido em Cabine de Imprensa Virtual promovida pela Paris Filmes.

Filed in: Cinema

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