Crítica: “Os Papéis de Aspern”

Um suspense intrigante, com o toque essencial do romantismo, “Os Papéis de Aspern” (The Aspern Papers), nos envolve em uma trama de cenários e personagens impactantes, com sentimentos voltados à obsessão, desejo, e principalmente, fascinação.

Dirigido por Julien Landais, o filme se passa no final do século 19, e conta a história de Morton Vint (Jonathan Rhys-Meyers), um editor obcecado pelo poeta Jeffrey Aspern (Jon Kortanjarena), que se encontra determinado a obter as cartas que o poeta escrevia para sua amante Juliana Bordereau (Vanessa Redgrave).

Morton assume uma identidade falsa, com intenções de seduzir Miss Tina (Joely Richardson), sobrinha de Juliana e quando a moça descobre as reais intenções do editor, o mistério sobre o conteúdo e o futuro das cartas, está em jogo.

O filme foi baseado em uma novela de mesmo nome, escrita por Henry James em 1887, na qual também se tratava de um poeta chamado Percy Bysshe Shelley, que escrevia cartas para sua amante Claire Clairmont, a moça assim como a personagem Juliana Bordereau, guardou as cartas até a morte.

Os cenários utilizados nas filmagens são lindos: mansões venezianas, o canal por onde os personagens passam com as gôndolas e o jardim criam a sensação de lugares nobres. Sem contar o fato da história se passar em Veneza, o que já nos faz sentir o clima de romance nos detalhes.

A sonoplastia fez a combinação de obras clássicas e houve também a criação de uma trilha sonora original, feita pelo compositor francês Vincent Carlo, que utilizou riffs de guitarra (repetição de mais de um trecho na música), para retratar a angústia na juventude dos personagens.

O diálogo que foi utilizado também causa certo impacto, em muitas cenas é difícil de diagnosticar as reais intenções dos tipos vistos em tela, o que gera o clima de suspense e intriga.

O longa tem a capacidade de envolver o espectador nos mistérios que rondam essa história, um passado vivido com romantismo, insinuações, e liberdade, para um futuro onde a privacidade possui exigências e até mesmo preço. A fascinação por uma história, o mistério da morte, e descobertas intimas e escandalosas estão em jogo prontas para serem revividas.

por Victória Profirio – especial para A Toupeira

Filed in: Cinema

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