Os Estados Unidos e a União Soviética utilizaram em diferentes oportunidades a ponte Glienicke, em Berlim, para realizar trocas entre espiões capturados no período da Guerra Fria. A imprensa a chama de “Ponte dos Espiões”, título do longa que chega aos cinemas.
O evento escolhido por Steven Spielberg é real, derivado da história do advogado de seguros James Donovan (Tom Hanks), convidado pelo governo americano a fim de representar o infiltrado soviético Rudolf Abel (Mark Rylance) frente à Suprema Corte dos EUA. Ainda conhecemos a trajetória de Francis Gary Powers (Austin Stowell), agente americano abatido e capturado em território soviético. James deve arquitetar a troca.
A storyline paralela apresenta o americano estudante de direito Frederic Pryor (Will Rogers), preso em Berlim em meio à construção do muro. Aqui, é possível identificar um trabalho detalhista e a reconstrução de um dos períodos mais sombrios da história.
A grande surpresa proposta pelo roteiro dos geniais irmãos Joel e Ethan Coen é o que podemos chamar de humanização do “traidor”. Abel não é apenas um objeto de troca para Donovan. Podemos demarcar diversos aspectos que buscam compreender as diferenças políticas entre as superpotências. Mesmo quando hostilizado por civis americanos, James insiste em oferecer uma chance justa a Abel.
Estratégias diplomáticas, guerra de informações e paranoia. “Ponte dos Espiões” (Bridge os Spies) foge ao estilo blockbuster comum às produções de Spielberg. Ainda encontramos os demorados planos, as grandes explosões e o drama familiar, o que não encontramos é a necessidade de infantilização do roteiro. Aqui, notamos uma despreocupação em agradar, o que torna esta obra do cineasta uma das mais maduras de sua carreira.
Steven Spielberg, Tom Hanks e irmãos Coen. Tá com cheiro de indicação? Também acho.
Vale conferir.
por Otávio Santos – especial para A Toupeira