Talvez o título de “Preparativos para ficarmos juntos por tempo indefinido” (Preparations to be Together for Unknown Period of Time) possa parecer muito extenso, meio insosso, melodramático ou simplório. Mas o filme não é. Pelo contrário, é complexo. Tem densidade, reviravoltas e, também, cenas muito belas. Inclusive, várias delas com música envolvente (em especial com temas de música clássica: Dvorák, Beethoven e Schubert).
Há um ar que está pautado pelo sugestivo, o romântico, o instigante. Deixa dúvidas sobre as personagens e sobre o que está acontecendo. Um suspense bastante especial. E com muitos elementos de psicologia.
Uma neurocirurgiã húngara, que mora e trabalha nos Estados Unidos de América, conhece um colega compatriota num evento de medicina. Gosta dele e marcam de se encontrar em Budapeste, a capital e cidade original dos dois. Embora a reunião entre ambos não passe de ser totalmente ocasional e sem muitos pontos para se ver novamente, ela decide voltar a seu país para concretizar esse novo encontro.
Ao chegar lá, no local combinado, consegue localizar o homem, porém nada resulta como planejado, imaginado. A cena é impactante.
Com o objetivo definido de conhecer mais sobre essa pessoa e de aproximar-se dele, a mulher decide abandonar tudo o que tinha na América e ficar em sua cidade. As situações continuam se complicando e nem tudo é do jeito que parece ser.
Outros personagens vão se somar: um terapeuta, o filho de um paciente, e alguns outros, que retornam do passado.
O final é esclarecedor, porém provavelmente vai desapontar alguns espectadores. Pesa, no cômputo final, um saldo positivo. Lili Horvát, diretora, roteirista e coprodutora, neste segundo longa-metragem, consegue sair airosa. Natasa Stork, como a apaixonada protagonista, audaz e de rica personalidade, dá uma pequena aula de atuação sóbria e densa; bem acompanhada por Vicktor Bodó e Vilmányi Benett.
“Preparativos para ficarmos juntos por tempo indefinido” tem uma prolongada cena de operação cirúrgica que pode não ser do gosto de público sensível. Porém, sem dúvida, vai interessar àqueles que gostam de filmes elaborados, belos, enigmáticos e até com certo suspense.
O cinema húngaro, mais uma vez, nos traz um título de boa qualidade, que chega ao Brasil disponibilizado pelo Cinema Virtual. Complexo e bonito. Bonito e complexo.
por Tomás Allen – especial para A Toupeira
*Título assistido via streaming, a convite da Elite Filmes.