Terremotos são uma das mais horrendas catástrofes naturais existentes, por dois motivos: o primeiro e mais conhecido é sua imprevisibilidade, dado que poucos sinais são evidentes antes de um grande tremor, e ainda não se descobriu uma forma de prever à longo prazo; e seus efeitos, mesmo quando mínimos são devastadores, e pouco podem ser mitigados.
Um exemplo de como são terríveis estes fenômenos foi o terremoto de 1988, na Armênia: chamado de Terremoto de Spitak, nome da cidade mais próxima ao epicentro, esse abalo sísmico atingiu o grau X da Escala de Mercalli e da Escala Medvedev-Sponheuer-Karnik, com uma magnitude 6,8 da Escala Richter, levando a destruição total das cidades atingidas, além da morte de mais de 30 mil pessoas. A catástrofe resultou numa das maiores crises humanitárias dos últimos anos da União Soviética, e até mesmo ajuda estadunidense foi enviada, algo não visto desde 1940.
“Terremoto: Destruição Total” (Zemletryasenie aka The Earthquake), do diretor armênio Sarik Andreasyan, é um retrato da triste realidade que sucedeu durante e após o terrível abalo sísmico. De 2016, e escolhido como título que representaria a Armênia no Oscar, finalmente chega em terras brasileiras, pela plataforma de streaming Cinema Virtual.
Retratar uma catástrofe é uma tarefa difícil, exige sensibilidade, e facilmente pode cair no apelo emocional barato, ainda assim sem demonstrar o real drama e horror de uma situação assim. Embora ocasionalmente melodramático, “Terremoto: Destruição Total” tem essa sensibilidade, em particular em relação ao choque: cada personagem reage a este de maneira diferente, e realista – uns choram, outros tentam rir, mas todos no fim estão arrasados por dentro. Até os figurantes parecem ser vítimas reais, mesmo sendo apenas atores em um filme.
A atenção aos detalhes não falha também nos cenários e fotografia, que nos dão a noção do quão grande foi realmente a devastação física deixada pela catástrofe.
Os atores fazem um excelente trabalho, em particular Konstantin Lavronenko, que faz jus ao ser um dos atores russos mais conhecidos fora da Rússia, bem como o protagonista Viktor Stepanyan, que não é tão conhecido fora da Armênia, mas merece muitos elogios por sua interpretação na obra.
Certas tramas não parecem ter grande impacto no resultado geral do drama, e podiam facilmente terem sido retiradas. Já a trilha, que traz influências armênias, é extremamente convencional, e poderia ser mais interessante, mesmo para a narrativa.
“Terremoto: Destruição Total” é um bom filme e faz jus à escolha para a disputa do Oscar.
por Ícaro Marques – especial para A Toupeira
*Título assistido via streaming, a convite da Elite Filmes.
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