Crítica: “Último Alvo”

Existem atores e atrizes que, ao longo de suas carreiras, viram sinônimo de determinados gêneros – o que não é, de forma alguma, um fato ruim.

É o caso de Liam Nesson que, embora tenha créditos como o drama “A Lista de Schindler” e a ficção / fantasia “Star Wars: Episódio I – A Ameaça Fantasma” em sua extensa filmografia, é facilmente lembrado por seus papéis em longas de ação, que, em sua maioria, o colocam como uma figura forte e que resolve grande parte das questões de maneira pouco ortodoxa, por assim dizer.

Para quem não leu a sinopse, nem mesmo viu o trailer de seu trabalho mais recente, “Último Alvo” (Absolution), a sensação é ainda mais válida, uma vez que o título – em especialmente a versão brasileira – tende a levar a isso. Mas, a verdade é que por trás do que seria o relato de uma missão derradeira, há muito mais história a se contar.

A narrativa nos apresenta Thug (Liam Nesson), experiente gângster que presta serviços a Charlie Connor (Ron Perlman), um notório criminoso de Boston, há trinta anos. Agora ele se vê frente a uma mudança de comando, com a ascensão de Kyle Conner (Daniel Diemer), filho de seu chefe, que parece pouco inclinado a seguir com seu apoio.

Junte a isso, o fato do protagonista estar enfrentando as consequências de uma vida regrada a sucessivas contusões – graças a seu histórico como boxeador e ao trabalho visceral como capanga – o que contribuiu para um diagnóstico de Cefalopatia Traumática Crônica.

Tal quadro progressivo e sem tratamento provoca demência (nesse primeiro momento, na forma de esquecimentos cada vez mais frequentes) e fará com que, em médio prazo, o veterano torne-se incapaz de cuidar de si próprio.

O filme dirigido por Hans Petter Moland, então, torna-se mais do que apenas mais um título de ação genérico, para ganhar toques de drama familiar, com a decisão do personagem de procurar pela filha Daisy (Frankie Shaw) e pelo neto Dre (Terrence Pulliam), a fim de tentar, enquanto ainda há tempo (e consciência), retomar laços e obter perdão por inúmeros erros do passado.

Para isso, contará com a ajuda de uma mulher cheia de atitude e aparente bom coração (interpretada por Yolonda Ross), que conhece inesperadamente em um bar, e se converte em  uma companhia valiosa em momentos importantes.

Uma vez que se propõe a mesclar gêneros, “Último Alvo” acerta ao não se prender a nenhum específico. Dentro das óbvias possibilidades / limitações de alguém de 72 anos, Liam Nesson segue brilhando em cenas de ação – ainda que estas sejam bem mais esparsas do que nos acostumamos a ver – assim como entrega uma boa atuação no que diz respeito à necessidade de mostrar um lado mais pessoal de Thug.

Escrita por Tony Gayton, a trama talvez pudesse ser condensada em menos tempo (a duração da obra é de 112 minutos), a fim de ter um equilíbrio mais constante. De todo modo, seu teor é interessante o bastante para fazer o espectador querer saber qual será sua conclusão.

Vale conferir.

por Angela Debellis

*Título assistido em Cabine de Imprensa promovida pela Imagem Filmes.

Filed in: Cinema

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