Crítica: “Um Lugar Silencioso: Dia Um”

Lançado em 2018, “Um Lugar Silencioso” conseguiu um feito cada vez mais difícil nas salas de cinema: manter o público quieto. Lembro-me de que durante sua exibição na Cabine de Imprensa, havia quase um compromisso dos presentes à sessão em evitar ruídos – como se isso, pudesse, realmente, comprometer a integridade dos personagens.

Fato que se repetiu em 2021, com o lançamento de “Um Lugar Silencioso: Parte II”, o que mostra que a narrativa tensa manteve a sagacidade de prender a atenção da plateia e convencê-la de que qualquer barulho poderia ser fatal.

Com a mitologia estabelecida pelas produções anteriores, “Um Lugar Silencioso: Dia Um” (A Quiet Place: Day One) chega aos cinemas tendo a vantagem de não precisar de muitas explicações, podendo concentrar-se de maneira mais efetiva nas figuras humanas postas à mercê das criaturas atraídas pelo som. E isso é um de seus maiores e mais surpreendentes acertos.

Passada em Nova York, a história mostra a chegada dos monstros à cidade (lembrando que a ameaça, como já dito antes, é global) e todas as consequências disso. A protagonista é a poetisa Samira (Lupita Nyong’o, brilhante como sempre), que, antes mesmo do quadro caótico que se estabelece ao seu redor, já luta com seus próprios monstros internos (físicos e emocionais), criando uma conexão quase imediata com os espectadores mais empáticos.

Durante uma excursão ao teatro promovida por Reuben (Alex Wolff) – que tem uma participação importante na rotina de Samira – ela acaba longe do grupo após o ataque. A seu lado, apenas Frodo (Nico e Schnitzel revezando-se em tela), seu gato de terapia – e uma das principais razões de apreensão da audiência, porque, animais em filmes que oferecem qualquer elemento de perigo costumam ser alvos fáceis e injustos.

Em sua inesperada caminhada solitária pela cidade, ela conhece Eric (Joseph Quinn em excelente interpretação) jovem estudante de Direito que tem a árdua tarefa de sobreviver aos monstros, amplificada por (justificadas) crises de pânico. A evolução da improvável dupla é brilhante e confesso ter sido a primeira vez que eu realmente me importei o tempo todo com os personagens humanos da franquia.

Cabe ainda ressaltar a competência do roteiro de Michael Sarnoski – também à frente da direção – ao oferecer sequências que mesclam tensão e emoção (como a que envolve a fachada de uma livraria), resultando em algo mantém os espectadores alertas, mas também promove lágrimas (silenciosas, é claro).

São inúmeras cenas que merecem destaque. A que mostra Samira indo na direção contrária das pessoas que buscam salvação em balsas (uma vez que as criaturas não sabem nadar) talvez seja uma das mais impactantes. Assim como o momento de decisão vivido por Henri (Djimon Hounsou), que coloca em xeque a moralidade humana frente ao perigo de morte iminente.

Quanto às criaturas, essa é a vez que elas têm o visual mais bem explorado e que aparecem em maior número simultaneamente. Êxito garantido pelos bons efeitos, inclusive em tomadas que arriscam mostrá-las em detalhes, a fim de amplificar a aflição de quem as encara – dentro ou fora das telas.

Ao término do longa (após 100 minutos), “Um Lugar Silencioso: Dia Um” tornou-se o meu favorito da franquia.

por Angela Debellis

*Título assistido em Cabine de Imprensa promovida pela Paramount Pictures.

Filed in: Cinema

You might like:

O ‘ser mulher’ para além da maternidade O ‘ser mulher’ para além da maternidade
Livro de poemas preenche vazios de memória familiar Livro de poemas preenche vazios de memória familiar
Encontro de Lulus da Pomerânia em Itajaí promete alegria e interação entre pets e tutores Encontro de Lulus da Pomerânia em Itajaí promete alegria e interação entre pets e tutores
Chef Fernanda Ribeiro assina linha de bem-casados, bolos, tortas e bolachas temáticas de Natal Chef Fernanda Ribeiro assina linha de bem-casados, bolos, tortas e bolachas temáticas de Natal
© AToupeira. All rights reserved. XHTML / CSS Valid.
Proudly designed by Theme Junkie.