Dia do Cinema Nacional: a identidade do Brasil nas telas

Créditos: Divulgação UniCesumar / Shutterstock

Você sabia que o Dia do Cinema Brasileiro é duplamente comemorado nos dias 19 de junho e 05 de novembro? Isso porque, nesta última data, ocorreu a primeira exibição pública de cinema no Brasil, sendo projetados oito pequenos filmes no Rio de Janeiro.

Em junho desse ano, o Ministério da Cultura (MinC) anunciou um pacote de investimentos no setor audiovisual, totalizando R$ 1,6 bilhão para 2025, sendo R$ 200 milhões destinados a coproduções internacionais, um valor recorde que já atraiu 476 projetos de 47 países diferentes.

E no Dia do Cinema Brasileiro, nada mais justo do que exaltar nossa cultura e linguagem audiovisual utilizadas nas obras nacionais. Rodrigo Oliva, professor de Cinema e Documentário da UniCesumar, destaca as principais características do nosso cinema.

“Nossas obras são marcadas pelo retrato realista e social, revelando questões como os contrastes regionais, a violência, a desigualdade e os conflitos sociais e políticos. Outro ponto de destaque é o humor, que ganhou repercussão com os filmes dos Trapalhões nas décadas de 1980 e 1990 e, atualmente, com filmes do ator Paulo Gustavo, sendo grandes bilheterias do cinema brasileiro. Portanto, muitos filmes brasileiros exploram as particularidades culturais e linguísticas de diferentes regiões do país, desde o sertão até as grandes metrópoles”, explica o professor.

Créditos: Divulgação UniCesumar / Shutterstock

Hollywood x Brasil

O cinema dos Estados Unidos, também conhecido como Hollywood, há tempos domina o mercado audiovisual, como apontam os dados do último Anuário Estatístico do Cinema Brasileiro, feito pela Agência Nacional do Cinema (Ancine). O relatório mostrou que, dentre os 20 longas-metragens com maior público em 2023, 100% são dos Estados Unidos.

Oliva explica que isso acontece porque Hollywood opera em uma escala industrial, com orçamentos multimilionários e com aspectos globalizados. “O Brasil, em contrapartida, tem orçamentos menores e produção mais local, com valorização de aspectos mais regionalistas e discussões que partem mais para debates realistas e sociais. De um lado, Hollywood tende a focar em entretenimento de massa e narrativas grandiosas (muitas vezes ficcionais e escapistas), e do outro, o cinema brasileiro é mais intimista e frequentemente aborda questões sociais e políticas”, pontua.

O Brasil traz um forte conteúdo de representação cultural local, abordando temas da nossa própria realidade e criando um cinema que dialoga diretamente com o público interno. Hollywood parte para uma confecção de roteiros que se apegam a estruturas narrativas, como a Jornada do Herói, que é uma técnica de narrativa que segue uma ordem específica, desenvolvendo perspectivas mais universais.

Produções locais

Lucas Nunes Coelho é aluno de Comunicação e Multimeios da UniCesumar e conquistou, em setembro do ano passado, o Prêmio Aniceto Matti da Prefeitura de Maringá (PR), edital destinado ao financiamento de projetos culturais.

Como resultado, Coelho dirigiu o curta “Livre” e nos conta mais sobre a obra. “Livre discute o valor que damos para os sonhos e o quanto eles, de fato, custam. Nenhum sonho se alcança sem renunciar uma série de outras coisas, seja a estabilidade financeira, o tempo ou até mesmo o lazer. Foi realmente uma experiência bem profunda, como profissional, ter um sonho realizado enquanto eu falava sobre sonhos que não se realizam. O resultado foi super agradável e os feedbacks também, tenho orgulho da equipe e de todo mundo que lutou por “Livre” tanto quanto eu”, conta.

Coelho diz que a paixão pelo cinema veio por meio de duas coisas que ele gostava muito: teatro e literatura. “Percebi que o cinema tem o poder de unir esses dois e transformá-los de um jeito único, e foi a partir daí que me apaixonei pelo audiovisual. Agora, o plano é seguir carreira e sempre estudar mais sobre a área, que tem infinitas possibilidades de realização de projetos e diferentes maneiras de fazer cinema. Espero que eu possa alcançar cada vez mais pessoas e crescer de maneira que elas acreditem que o cinema não é um sonho distante, mas uma realidade próxima e possível”, finaliza.

Crédito: Divulgação

Filmes nacionais de destaque

Os 3 filmes brasileiros com maior bilheteria da história são:

Minha Mãe é Uma Peça 3 (2019) – faturamento de R$ 143,9 milhões e 11,3 milhões de espectadores.

Nada a Perder (2018) – faturamento de R$ 120 milhões e 11,9 milhões de espectadores.

Os Dez Mandamentos: O Filme (2016) – faturamento de R$ 116 milhões e 11,3 milhões de espectadores.

O professor Oliva destaca, ainda, outros três filmes de importância para a história do cinema nacional:

Central do Brasil (1998): O sucesso desse filme se deve à sua capacidade de tocar em temas universais, como a busca por identidade e o amor familiar, mas com um forte componente local, retratando o Brasil profundo e a relação entre diferentes camadas da sociedade. A performance de Fernanda Montenegro, indicada ao Oscar, também impulsionou a obra internacionalmente.

O longa tem aspectos realistas, com uma fotografia que separa bem os espaços urbanos e rurais. A viagem das personagens ao centro do Brasil é um retrato libertador de uma transformação e das desigualdades que traçam a identidade do Brasil.

Cidade de Deus (2002): O filme foi um marco por sua narrativa inovadora, estilo de edição ágil e realista, e a forma como retratou a violência nas favelas do Rio de Janeiro. A estrutura narrativa fragmentada e o uso de atores não profissionais aproximaram o público da realidade mostrada, fazendo com que a produção tivesse um impacto cultural e social profundo. Visualmente, aproxima-se da linguagem do videoclipe, criando uma estética hiper-realista.

Carlota Joaquina (1995): Esta comédia histórica foi um marco do renascimento pós-Retomada do cinema brasileiro, quando ficou por um período sem produções. A mistura de humor e crítica à história colonial do Brasil, com uma linguagem irreverente e caricatural, trouxe um novo fôlego à produção nacional, chamando a atenção do público e da crítica.

da Redação A Toupeira

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