“Trava Bruta” é um manifesto, cheio de poesia e enfrentamento, sobre a experiência como mulher trans da autora Leonarda Glück, que apresenta o tema da transexualidade, não de forma didática, mas a partir da experiência dolorida e intrigante, da artista.
A obra mistura em seu texto, poemas, canto e uma boa dose de confronto – necessário para que se enxergue a vivência do corpo trans em um país ainda muito cheio de preconceitos, como é o Brasil.
O espetáculo faz um interessante uso da tecnologia das redes sociais, tanto em palco, quanto fora dele. Antes do início do espetáculo, os espectadores recebem um cartão com QR Code, que além de ter mais conteúdo sobre a performance, também apresenta um link onde se pode acompanhar, em tempo real, a preparação da artista.
No palco, projeções de vídeo, filtros de redes sociais, efeitos sonoros e de iluminação ajudam a dar vida e voz para a proposta artística de Leonarda. Questionamentos sobre o corpo, identidade, violência e empatia são levantados de forma hipnótica e bruta, e provocam reflexões sobre nossos comportamentos em sociedade, sobre os conceitos binários de identidade e sobre nossas relações, nem sempre saudáveis, com nosso próprio corpo e o corpo do outro.
Uma experiência artística impactante e comovente para quem quer, não só refletir, mas também tentar se colocar no lugar do outro.
A nova temporada paulista de “Trava Bruta” acontece no no Sesc Belenzinho, até 07 de agosto.
por Isabella Mendes – especial para A Toupeira
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