Direto da Toca: Conhecemos a Exposição “Van Gogh Live 8K”

“Quanta beleza na arte, desde que possamos reter o que vimos. Jamais ficaremos então deserdados, nem verdadeiramente solitários, jamais sós.”

Certos nomes tornam-se sinônimos de seus trabalhos. Não é possível falar sobre a Arte Mundial sem citar um de seus maiores expoentes: O pós-impressionista holandês Vincent Willem van Gogh.

Durante sua curta vida (o pintor faleceu aos 37 anos, em 1890), vendeu apenas uma de suas obras (cerca de duas mil, sendo 860 pinturas a óleo), a seu irmão mais novo, Théo. Mais de um século após sua partida, ele segue como um dos maiores pilares da História da Arte, servindo de inspiração para as mais diversas manifestações – profissionais ou não – e marcando presença no imaginário de milhares de pessoas ao redor do mundo.

Mais uma vez, a capital de São Paulo torna-se palco para celebrar o trabalho do artista e recebe, a partir de hoje (15 de setembro), a Exposição “Van Gogh Live 8K”. O espaço de 2800m² montado em forma de tenda no Estacionamento do Shopping Lar Center (localizado na Zona Norte) propõe uma experiência inédita e inesquecível, ao colocar os visitantes como se estivessem dentro das principais obras do pintor.

“Procure entender a fundo o que dizem os grandes artistas, os verdadeiros artistas, em suas obras-primas, e encontrará Deus nelas.”

A jornada (que, assim como na Casa Warner, é autoguiada) passa por seis ambientes distintos. O primeiro “abraço” no público acontece quando adentramos uma sala que tem enormes tiras de tecido remontando a belíssima obra “Amendoeiras em Flor”. Ao atravessar esse caminho, chegamos a um cenário composto por um grande painel formado justamente pelas flores de amêndoa, que são um convite aos registros fotográficos iniciais – estes, que podem ser realizados livremente e, caso precise de auxílio, há monitores dispostos a ajudar.

Inebriados por tanta beleza, é hora de percorrer os corredores da segunda sala, que conta de forma sucinta a história de Van Gogh. Painéis de vidro trazem informações separadas por assuntos como Amor, Família e até mesmo Loucura (ponto bastante discutido quando se fala sobre o retratado). Por trás de cada inscrição, a réplica de um quadro não nos deixa esquecer que a arte prevalece intocada, mesmo quando a realidade parece tão problemática. Lá também é possível acompanhar os principais fatos através de uma linha do tempo.

Uma projeção em 3D do rosto de Van Gogh é exibida na terceira sala. Os conhecidos contornos são mostrados através das diferentes texturas de seus autorretratos, mas sempre com a mesma proposta: fazer com que nós, os observadores das criações, nos sintamos no lugar de quem é observado pelo criador. Intimidador, mas de uma forma íntima o suficiente para termos vontade de conversar com aquele que nos olha em silêncio.

“Em suma, quero chegar ao ponto em que digam de minha obra: este homem sente profundamente, este homem sente delicadamente.”

Mais alguns passos e somos tomados pelo aroma de girassóis, tantas vezes retratados pelo pintor. É o momento de percorrer o indefectível campo, com flores que tomam chão e teto – amplificadas pela presença de grandes espelhos – e nos permitem experimentar a sensação de estar, de fato, em meio a uma explosão da cor amarela.

E por falar em cores, o ambiente seguinte é mais uma celebração a elas. A sala totalmente escura ganha vida através da projeção frenética de traços coloridos que dominam teto, paredes e chão, como se uma obra fosse concebida ao nosso redor, como se gigantescos pincéis invisíveis nos aceitassem também como elementos de algo único.

Depois de tantas experiências maravilhosas, ainda não sabia o que esperar da parte final da exposição. Acredito que, na verdade, é impossível estar preparado para o que se vê nela: por cerca de 45 minutos, no maior espaço do evento, sentimo-nos pequeninos diante da grandiosidade (literal e metafórica) de mais de 250 obras projetadas nas paredes e no chão, através de 40 projetores com resolução 8K.

Um suave movimento de transição nos conduz a momentos em que a dualidade do preto e branco é dominante; enquanto em outros, as cores (sempre elas) são as maiores estrelas. Bancos estão espalhados nas laterais da sala, para quem quer assumir apenas o papel de espectador, mas nada se compara à possibilidade de sentir-se parte da arte.

“Ache belo tudo o que puder. A maioria das pessoas não acha belo o suficiente.”

Como se tudo isso não bastasse, nesse ambiente, em especial, trechos da obra “Cartas a Théo” podem ser ouvidos na voz de Fernanda Montenegro. O livro é composto pelo conteúdo das cartas de Van Gogh para seu irmão mais novo, escritas entre julho de 1873 e 1890, no qual podem-se encontrar trechos tão impactantes quantos os que engrandecem as passagens desse texto.

Cabe ainda destacar que, durante todo o percurso, há uma impecável trilha sonora incidental – que pode ser ouvida na íntegra, aqui. A lista é de Rafael Reisman, curador geral da Mostra, criada em conjunto com parceiros internacionais que já tinham tido essa experiência anteriormente.

As faixas vão de clássicos (como “A Morte do Cisne” e “Bolero de Ravel”), a “The Great Gig in the Sky” de Pink Floyd, e uma versão instrumental de “Yesterday” dos Beatles. Tal diversidade, segundo o porta-voz do evento, Horácio Brandão, deve-se à expectativa de criar algo que mexesse com o inconsciente coletivo, que fosse atemporal, sem ser datado, e trouxesse um ar de contemporaneidade. “É uma exposição que é clássica e pop. Assim como as obras de Van Gogh”, declara.

Não só os visitantes, mas também aqueles que comparecerem ao local e não entrarem na Exposição, poderão aproveitar para conhecer um café-teatro temático e uma loja com produtos especialmente customizados – que vão de canecas e bolsas a camisetas e moletons.

“Você escreve em sua carta algo que às vezes também sinto: às vezes não sei como vou sobreviver. Pois o grande não acontece apenas por impulso, e é uma sucessão de pequenas coisas que são reunidas.”

Quem dera, tanto tempo depois, fosse possível dizer a Van Gogh que ele não vai “apenas” sobreviver, mas sim, que viverá eternamente através de seu raro talento e sua incomparável arte.

Importante: O espaço é acessível para pessoas com deficiência ou mobilidade reduzida.

A temporada paulista de “Van Gogh Live 8K” em São Paulo vai até 30 de novembro. Para mais informações e compra de ingressos, clique aqui.

Crédito das fotos e vídeos: Angela Debellis.

por Angela Debellis

Filed in: Saia da Toca

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