Ele se considera brasileiro no Brasil e francês na França, é descendente de libaneses e mantém-se, aos 80 anos, inspirado por essa polifonia consonante de culturas. “Ter essa diversidade é ter uma riqueza”, analisa Arkan Simaan, escritor que está de volta ao Brasil e, desta vez, com uma missão: lançar seu mais recente livro “Vem, vamos embora – imigração, ditadura e exílio”.
O autor teve uma trajetória marcada pela luta política e pela experiência do exílio e escreveu esse livro de memórias com uma narrativa que transita pela autobiografia, com recortes e passagens de sua vida. São relatos que exploram sua própria história e de outras pessoas de seu convívio que viveram dramas semelhantes em uma época de grandes transformações políticas no Brasil e no mundo.
Arkan Simaan nasceu no Líbano e veio com os pais para o Brasil na primeira infância. No livro, ele compartilha lembranças de um período turbulento da história brasileira, incluindo seu envolvimento com movimentos políticos durante a ditadura militar e sua luta pela liberdade, ideal reforçado quando chegou na França e mergulhou nos princípios do Iluminismo, apaixonando-se pelo movimento revolucionário francês baseado na liberdade, igualdade e fraternidade.
“O iluminismo foi tudo pra mim”, reflete Simaan. Em “Vem, vamos embora”, ele narra sua vivência como militante de um grupo trotskista, sua perseguição, prisão e o exílio na França, onde se tornou parte de um movimento revolucionário.
O livro, publicado pela Editora Insular, traz registros autobiográficos que transcendem à simples recordação dos fatos. “Não considero meu livro uma biografia, que é uma técnica mais elaborada e completa, mas trago minhas memórias para o leitor”, afirma o autor. A nova produção literária visa não apenas contar sua história, mas oferecer ao leitor um relato visceral das dificuldades e das escolhas que moldaram sua vida. “Para escrever este livro selecionei passagens da minha vida. E eu as seleciono, quando estou escrevendo as memórias”, explica.
A obra se conecta com o contexto político entre as décadas de 60 e 80, abordando, entre outros pontos, a semelhança da história de Simaan com o caso de Rubens Paiva. “Eu pertenço à mesma geração que ele, fui preso ao mesmo tempo que ele, só não desapareci por um concurso excepcional de segurança. Ele não está mais aqui e eu estou”, conta. Além disso, o autor traz na obra suas reflexões sobre a política brasileira e internacional e conta como ocorreu a reconstrução de sua vida na França e sua evolução como intelectual e ativista.
A capa do livro de memórias é ilustrada por Michelle Bisson, da associação Bons Baisers d´Etretate, destinada a reintegrar socialmente trabalhadores após longo período de desemprego. A contra capa é assinada por Ana Lagôa, cujo nome estará para sempre associado ao arquivo depositado em agosto de 1996 na Universidade Federal de São Carlos, o Fiscar, com cerca de 1.600 livros e 20 mil recortes de jornais sobre a ditadura militar brasileira de 1964 a 1985.
Os eventos de lançamento em Florianópolis e em São Paulo contarão com sessão de autógrafos. O escritor estará disponível para conversar com o público e discutir as inspirações por trás de seu livro, bem como sua visão sobre os temas abordados.
Serviço:
Lançamento do Livro “Vem, vamos embora – imigração, ditadura e exílio”
12 de abril, das 10h às 12h
Livraria Desterrados
Rua Tiradentes, 204, Centro. Florianópolis / SC
15 de abril, das 18h às 21h
Livraria Martins Fontes Paulista
Avenida Paulista, 509. Paraíso. São Paulo / SP – próximo à Estação Brigadeiro do Metrô
da Redação A Toupeira
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