Talvez uma das maiores inverdades de todas seja afirmar que dinheiro não traz felicidade. A partir do momento em que estamos na condição de criaturas vivas, sabemos o quanto bens materiais são necessários, até para manter nossa subsistência.
Assim como uma das grandes constatações é a que nos incita a pensar que certas coisas são fundamentais, ainda que não possam (ou devam) ter medidas físicas para definir seu valor. A imaginação está entre elas.
Tendo como cenário uma pequena cidade do interior, a história de “O Castelo de Todas as Cores” nos apresenta seis duplas formadas por avós e netos. O inevitável choque de gerações fica bem visível, a partir dos relatos de cada personagem e mostra o quanto certos comportamentos se alteram com o passar do tempo.
Enquanto as figuras adultas mostram-se mais acessíveis, propondo uma aproximação com os entes queridos, as crianças parecem não entender completamente o quanto a vivência com indivíduos mais experientes pode ser enriquecedora.
As coisas mudam quando ocorre uma inesperada chuva de estrelas na cidade, o que torna-se uma oportunidade perfeita àqueles que creem (seja em magia, milagres ou mesmo em prodígios da natureza e do universo) fazerem pedidos vindos direto de seus corações.
Coincidência ou não, a verdade é que tal fenômeno ganha créditos perante a população, pelo fato de as crianças começarem a se interessar por um dos principais pontos do local: o Castelo de Todas as Cores.
A edificação representa com delicadeza a maneira como enxergamos as coisas, como nos permitimos manter acesa a chama que ilumina nossa alma no decorrer de nossas trajetórias. Enquanto os pequenos veem apenas uma construção “comum”, os que há muito já passaram pela infância vislumbram todas as cores que fazem do castelo algo encantador de se admirar.
Os capítulos que falam sobre a evolução dos relacionamentos entre avós e netos são inspiradores e fazem o leitor que já perdeu tais familiares lembrar com saudade de algumas passagens – que podem não ser importantes à primeira vista, mas acabam marcando nossas histórias sem que nem mesmo tenhamos consciência disso.
O texto de Alexandra Levy é simples e leve, fácil de acompanhar. E as graciosas ilustrações de Sid Meireles acrescentam ainda mais beleza à obra, que tem todos os elementos necessários para conquistar quem se dispuser a apreciá-la.
Que nunca percamos a habilidade de sonhar com castelos e enxergar cores.
por Angela Debellis
Ficha Técnica:
Título: O Castelo de Todas as Cores
Autora: Alexandra Levi
Ilustrador: Sid Meireles
Editora: Elo
Páginas: 48
Edição: 1ª / 2022
ISBN: 978-65-89945-66-6
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